Guia da Semana

Fotos: Divulgação


Baterista, DJ, empresário e pai de família. Dessa forma pode ser descrita uma parte do multifacetado Iggor Cavalera. Com apenas 13 anos já estampava um dos rostos da banda Sepultura e, após vinte de estrada em parceria com os demais roqueiros, decidiu ganhar novos ares e viajar entre os picapes e line-ups do cenário eletrônico.

De começo era apenas uma diversão, porém o som alternativo junto da batida pesada do rock, fez com que ao lado de sua esposa, a também DJ Laima Leyton, formassem o MixHell. Sem deixar de lado a paixão pelas baquetas, junto do irmão Max, o músico ainda arranja tempo para tocar outro projeto o Cavalera Cosnspiracy. De malas prontas para uma turnê na Europa, conversamos com Iggor sobre a carreira, projetos futuros e o atual cenário eletrônico mundial. Confira!

Guia da Semana: O que te motivou a abrir mão de uma carreira já consolidada no Sepultura para seguir a carreira de DJ?
Iggor Cavalera: Não acho que foi abrir mão, mas sim tentar coisas novas. Depois de mais de 20 anos tocando, eu quis fazer uma coisa que estivesse me satisfazendo mais. Acho que essa história de carreira consolidada é meio que empurrar com a barriga. O mais importante é estar bem consigo mesmo. Eu saí da banda depois que comecei a fazer o MixHell com a Laima.

Guia da Semana: Qual foi o momento mais marcante até agora, desde que você assumiu o lado DJ?
Iggor - Todas as turnês que nós estamos fazendo na Europa estão sendo bem legais e estão lotando. Ver esse reconhecimento do público com um projeto que começou a tão pouco tempo, principalmente lá fora, é muito gratificante e está me satisfazendo muito no projeto. Acabamos de voltar de Tóquio e foi maravilhoso. O lugar estava completamente lotado e me surpreendi.



Guia da Semana: Quando surgiu a ideia de formar o projeto MixHell?
Iggor - Surgiu meio que por acidente. Eu e a Laima sempre quisemos fazer um trabalho juntos, mas não sabíamos o que, ao certo. E na época começaram a surgir um convite de algumas casas para eu discotecar, mas nada sério. Aí dentro disso, eu e a Laima começamos a levar um pouco mais a sério, além de ir tocar para os amigos e ficar bêbado (risos). Isso serviu como um incentivo a mais, além de ir a um lugar e simplesmente tocar seu CD. Mas, tudo foi acontecendo mesmo, nada combinado, foi de dia a dia e uma hora tomou o nosso tempo mais do que com outras coisas.

Guia da Semana: Como é dividir o som com sua esposa Laima Leyton?
Iggor - Isso é bem interessante. Ter duas pessoas com um back ground diferente e na hora de produzir cada uma acaba colocando a sua sonoridade, gera uma coisa bem autoral e própria. Talvez com duas pessoas do metal, possa não funcionar muito bem, O fato de ter dois lados, um mais pesado meu e o outro da Laima, uma coisa mais leve, ajuda muito. Isso é bem gostoso de fazer. Além disso, ela é muito boa da engenharia e produção musical e eu já tenho uma coisa de banda, mais musical, isso reflete em tudo no fim das contas.

Guia da Semana: É difícil conseguir espaço em uma noite tão movimentada como a de São Paulo?
Iggor - Acho que é tão difícil como para uma banda ou qualquer outro estilo. É super difícil porque é necessário se empenhar ao máximo e ter muita informação do que está acontecendo, principalmente no mundo em que você pretende se envolver. Tudo isso depende de um trabalho muito duro, é necessário muito empenho. Mostrando um set legal e um bom trabalho, o sucesso vem conseqüentemente.



Guia da Semana: Costuma usar mais mixagens, ou musicas autorais no em seu set?
Iggor - É muito misturado, mas tem muita coisa nossa. Não tocamos praticamente nada original de músicas de outras pessoas. Sempre damos uma mexida para caber no nosso set. Acho que o que tocamos acaba tendo muito o perfil do MixHell, sendo nosso ou dos outros.

Guia da Semana: Quais são as maiores influências musicais na hora de tocar em um evento?
Iggor - Hoje costumo ouvir muito Solex, lá fora tem muita gente legal fazendo um som bom como os Crookers da Itália. Aqui no Brasil também como o Killer on the Dancefloor, Zé Gonzáles, Anderson Noise. Eu toco normalmente em lugares que já preparam as festas pensando no meu perfil ou do MixHell. Não rola essas doideiras de, de repente chegar em um lugar totalmente contrário ao seu estilo e ter de fazer um monte de coisa diferente do que você é acostumado, mas isso acontece muito durante a noite. Tocamos em eventos mais específicos, não rola muito com a gente.

Guia da Semana: Você também está envolvido em outro projeto, o Cavalera Cosnpirancy com seu irmão Max, como surgiu?
Iggor - Surgiu a ideia de montarmos um disco e não sabíamos o que fazer depois, se rolaria uma turnê, por exemplo. Ele me mandou umas bases e eu gostei. Aí chamamos uns amigos para tocar juntos e virou um álbum. Hoje em dia estamos fazendo alguns trabalhos, afinal não é a nossa única ocupação, tanto para mim, como para ele também. É um projeto legal, pois acabamos tocando em vários lugares do mundo, mas sem a responsabilidade de ser a única banda que nós temos. É bem gostoso de fazer por isso.



Guia da Semana: Você que já tocou em eventos fora do Brasil, acha que o cenário atual de DJs nacionais vem ganhando reconhecimento no exterior?
Iggor - Tem muita gente legal do Brasil fazendo um trabalho muito bom lá fora. O Gui Boratto, por exemplo. Ele expõe muito esse lado lá fora e tem muita gente vendo o que está acontecendo por aqui. Somente um pessoal bem fechado que vê o Brasil assim. A galera envolvida com o eletrônico, tanto aqui, como fora, sabe que o cenário brasileiro tem crescido muito.

Guia da Semana: Você é torcedor do Palmeiras e como surgiu a ideia de gravar o Hino do time com o Simoninha e o Branco Mello?
Iggor - Nós somos amigos e surgiu um convite por parte da revista Placar para fazermos esse trabalho. Foi bem legal, uma coisa totalmente pretensiosa e de de fã mesmo. Juntamos vários amigos que torcem pelo mesmo time e fizemos uma releitura do hino. A ideia era que todo mundo que participasse desse um palpite, mas tivemos a preocupação com a trilha original. Foi bem bacana.

Guia da Semana: Quais são os seus próximos projetos por trás das pick-ups no MixHell?
Iggor - Nós estamos indo para a Europa fazer uma turnê de um mês e depois voltamos para o Brasil para trabalharmos em cima de um disco novo. Já com o Cavalera Cosnpirancy, temos algumas datas de shows também na Europa durante a turnê do MixHell. Vamos fazer algumas coisas juntos. Depois disso, é concentração total em cima do disco novo.


Atualizado em 7 Ago 2012.