Guia da Semana

Foto: Divulgação

O grupo Public Enemy se apresenta no segundo dia do evento

Quarenta e um anos depois do festival de Woodstock, um outro evento pretende atrair milhares de pessoas - mas, dessa vez, para valorizar a música negra. Em vez de uma fazenda nos EUA, o local escolhido foi a Arena Anhembi, em São Paulo. A cultura hippie e o rock and roll ficaram de lado para reunir o samba-rock, soul, hip hop e outras vertentes da cultura de raízes afro. Com grandes atrações nacionais e internacionais, o Festival Black na Cena marca o cenário de 22 a 24 de julho e pretende contar a história do ritmo marginalizado.

Comandado pelas produtoras Entre e Multivídeo, o investimento para o projeto até agora foi de cerca de R$ 5 milhões, com a expectativa de reunir um total de 60 mil pessoas. A organização do evento programou 19 bandas, nove DJs e grafiteiros para ocupar o espaço ao lado da avenida Olavo Fontoura durante os três dias. Para dar credibilidade, estrelas estrangeiras como George Clinton e Public Enemy se juntaram aos brazucas Racionais MCs, Marcelo Yuka, Xis e outros grupos para mostrar a diversidade e a importância da música negra no mundo.

O evento

Além das nove atrações já apresentadas, a organização promete divulgar mais dez nomes de peso durante abril, sendo seis nacionais e quatro internacionais. "A ideia veio a partir do momento em que vimos vários festivais rolando e a ausência de um com vertentes da música afro, onde a gente possa colocar o soul, o samba rock, o verdadeiro funk (v-funk), o hip hop e o rap em um mesmo ambiente", aponta Ricardo de Paula, diretor da Entre Produções.

Foto: Ricardo Spiess

Xis, Max de Castro e Simoninha já confirmaram presença no evento

Mestre de cerimônia e um dos artistas que se apresentarão, Thaíde justifica a importância do festival. "Todas as músicas recebem influência da cultura e ritmo afro. A coragem desse evento pra mim está na escolha dos artistas. Eles não foram atrás de quem está fazendo mais sucesso nas rádios ou TV, eles foram atrás da verdadeira essência da música negra".

Os dias serão temáticos. Na sexta, 22/7, o som que domina é o samba rock e o v-funk; no sábado, 23/7, o gênero é o pop; e no domingo, 24/7, o rap dá o tom, encerrando a programação.

Destaques

Considerado pai do funk e referência musical para diversos nomes da nova geração, George Clinton abraçou a causa e irá completar 70 anos em cima dos palcos durante a apresentação, em 22 de julho. O grupo Public Enemy leva seu rap engajado para o evento e o rapper dos anos 90 Redman faz sua estreia no Brasil.

No cenário nacional, Sandra de Sá mostra o suingue da sua batida; o ex-bateirista do Rappa, Marcelo Yuka, apresenta seu primeiro trabalho solo; e Racionais MC's leva sua música de protesto e a voz da periferia para o festival. "Acho que aqui no Brasil a cultura negra está ligada a um certo posicionamento, às questões civis e sociais. Quando se fala em cultura negra também se fala em resistência", enfatiza Yuka.

Foto: Nitin Vadukul

Fundador do Parliament-Funkadelic, George Clinton completará 70 anos no palco do Black na Cena

Max de Castro e Simoninha levam a irreverência e estilo do pai nos anos 60 e 70, n'O Baile do Simonal. "A gente está super feliz e orgulhoso por tocar os sucessos dele em um evento que fala sobre a história da música negra. Simonal foi o primeiro popstar negro do Brasil", aponta Max. "A iniciativa da rapaziada de fazer o Black na Cena muito bacana porque todas as referências, artistas e influências da música negra interessantes estarão lá", completa Simoninha.

Ausências?

Apesar de apresentar um line-up recheado de grandes nomes, figuras que deram voz à música negra - como Elza Soares, Tony Tornado, Rappin Hood e Jorge Ben Jor - ainda não entraram nessa lista. Apesar de guardar segredo quanto aos nomes restantes, a direção aponta que, embora não possa reunir no palco todos as atrações durante os três dias de festa, o projeto visa fazer do festival um evento consolidado pelos próximos cinco anos. "Vai ter artistas que eram para estar na lista, mas por um ou outro motivo não estão. Mas vamos preparar as condições para que eles participem de outros festivais", resume Thaíde.

Com expectativa de se expanda para outras capitais, alguns já veem o evento com uma projeção que vai além dos shows. "O mais importante desse projeto não é a participação desses nomes com os quais convivo há muito tempo e que são meus amigos pessoais. E sim a possibilidade de contar em cima do palco a história da cultura da música negra", propõe DJ Grand Master Ney, que discoteca há 33 anos e foi convidado para o evento.

Fique atento

A primeira cota de ingressos começou a ser vendida em 6/4, com preços a partir de R$ 100 (entrada inteira). Os interessados podem adquirir os ingresso pela internet ou nos pontos de venda instalados no cursinho da Poli, nos bairros da Lapa (Av. Ermano Marchetti, 576), Itaquera (Rua Sabbado D´Angelo, 2078) e Santo Amaro (Rua Desembargador Bandeira de Mello, 468).

Programação (atrações já confirmadas)

Sexta, 22/07 - 20h às 4h
- George Clinton, fundador do Parliament-Funkadelic
- Seu Jorge
- Sandra de Sá
- O Baile do Simonal
- Tony Tornado
- Farufyno

Sábado, 23/07 - 14h às 4h
- Public Enemy
- Lee Scratch Perry encontra Mad Professor e Roto Roots
- Olodum com participação especial de Carlinhos Brown
- Pato Banton
- Marcelo Yuka
- Jorge Ben Jor
- Black Rio convida Slim Rimografia, Criolo e Negra Li
- Xis

Domingo, 24/07 - 14h às 22h
- Method Man
- Racionais MC's
- Naughty by Nature
- Redman
- Thaíde com Funk Como Le Gusta
- Sandrão RZO
- Russo e Bocage



* Mais dez atrações serão anunciadas ao longo de abril

Atualizado em 6 Set 2011.