Guia da Semana

Fotos: Marcus Oliveira


Uma década na estrada e mais de 400 shows pelo Brasil e pelo mundo. Foi através de um evento realizado no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, que os integrantes da Banda Pedro Luís e A Parede (PLAP) resolveram formar uma oficina de percussão. Com instrumentos e a base de escola de samba, buscaram um universo mais amplo, criaram arranjos e adaptações para os mais diversos ritmos brasileiros - desde o funk até a ciranda. A partir daí surgiu o Monobloco.

Aliado à oficina, os músicos Pedro Luís, Celso Alvim, Mário Moura, C.A Ferrari e Sidon Silva montaram o Monobloco Show e caíram na estrada. Para coroar os 10 anos de trabalho, iniciaram a turnê comemorativa, com o CD e DVD. No repertório, sucessos que vão de Herbert Vianna a Jorge Ben Jor. Confira o bate papo que o Guia da Semana teve com Celso Alvim, sobre a banda que conquista cada vez mais seguidores.

Guia da Semana: Como foi criado o Monobloco?
Celso Alvim:
Essa ideia de pegar os instrumentos da escola de samba e tocar outros rítmos com ele já circulava no Rio de Janeiro, nos anos 90, com os grupos Batipum e Funk em Lata. Quando o PLAP foi convidado para fazer um workshop, em 2000, no Sesc Vila Mariana, pensamos em pegar os instrumentos do samba e transpor para essa orquestração alguns grooves com o ritmo. Já no carnaval de 2001, rolou uma sensação muito bacana, pois conseguimos fazer um baile bem diferente, que passeava por vários gêneros da música brasileira.

Guia da Semana: E porque o nome Monobloco?
Alvim:
Esse nome veio quando o PLAP estava gravando o segundo disco, É tudo 1 Real. Algumas músicas a gente quis gravar uma batucada com um microfone só, em oposição ao estéreo. Nos créditos daquele disco nós colocamos Monobloco. O nome já estava na mente e, quando fomos criar a banda, já estava aí.



Guia da Semana: Como foi montada o repertório para esse novo DVD?
Alvim:
Foi montado na estrada, porque a agenda do Monobloco nesses últimos três anos se intensificou muito e também ensaiamos durante a semana. Temos o privilégio de ensaiar coisas e experimentar esse material já nos shows para ver se dá certo, mantendo o conceito da variedade, de buscar o melhor de cada gênero da MPB e a empatia do público para as sugestões que a gente colocava no show. No final, vingou as músicas que gerou uma comunicação da banda com a plateia.

Guia da Semana: O Monobloco tem uma formação fixa? Quantos são os seus integrantes?
Alvim:
A gente tem duas situações. Uma situação é a bateria grande, que toca no carnaval e no pré-carnaval, formada por amadores que frequentam a nossa oficina. Mas temos, paralelo a isso, um grupo de músicos que está no projeto desde o começo, alguns até saíram da oficina também, que é o Monobloco Show. Este tem em torno de trinta músicos que se revezam; em cada apresentação, 19 músicos sobem no palco.

Guia da Semana: Vocês já dividiram o palco com inúmeras personalidades da música. Quais as pessoas que você gostou mais tocar junto e quem ainda falta?
Alvim:
Uma coisa muito bacana dessas canjas é que muitas vezes uma música sugerida pelo convidado fica para o grupo, como é o caso de Alagados, O Pescador de Ilusões e Girassol. Eu gosto muito da coisa do samba e adoraria que o Paulinho da Viola fizesse alguma coisa para o Monobloco. A Elba Ramalho nunca tinha feito nada e participou do nosso DVD; ficou uma coisa muito maneira. Outra pessoa que tocamos muita coisa do repertório e que gostaríamos de dividir o espaço é o Dominguinhos.

Guia da Semana: Engraçado porque o repertório de vocês transitam por diversos gêneros da música brasileira, mas o som final tem uma identidade com o grupo...
Alvim:
É que já estamos um tempão tocando juntos; são músicos, amigos que estão desde o começo e que passaram também a criar coletivamente. A ideia é botar a galera pra dançar. Às vezes você sofistica muito um arranjo e fica uma coisa legal só para o músico.


Guia da Semana: Como é essa escolha de vocalistas e essa intercalação que vocês fazem no palco?
Alvim:
O Pedro Luis e o Fábio Allman estão desde o começo. Mas recentemente incorporou tanto o Renato Biguli como o Pedro Quental. Mas como alguns têm o trabalho com o PLAP ou solo, é quase uma escala e a galera vai se revezando dentro de uma agenda apertada, dizendo que pode fazer esse ou aquele show. No DVD resolvemos colocar todo mundo que faz parte do Monobloco.

Guia da Semana: O que mudou no Monobloco de 2000 pra cá?
Alvim:
O Sérgião Loroza era o vocalista até 2005 e era uma figura muito presente. Depois que ele saiu, a gente ganhou um outro corpo, uma química diferente. Hoje a postura no palco é muito mais solta, mais vibrante, aprendemos a nos comunicar com platéias muito maiores porque o público do Monobloco aumentou muito no Brasil inteiro.

Guia da Semana: Qual é a ideia central do Monobloco?
Alvim:
É botar a galera pra dançar. É um baile a serviço da música brasileira. Mostrar para moçada as músicas mais antigas, mostrar pra galera das antigas algumas músicas bacanas que a moçada está fazendo e, se você entrar sem preconceito, vai se divertir e ouvir uma música muito bacana.

Próximas apresentações:
23/05 - Brasília (Prainha da Asbac)
3 e 4/6 - Tokyo, Japão (Liquid Room)
6/6 - Nagoya, Japão

Atualizado em 6 Set 2011.