Guia da Semana



Enfim, já faz um tempinho que o circuito é nosso. Quer dizer, não precisamos mais esperar vinte, trinta ou sei lá quantos anos para assistir aos shows de bandas novas e em ascensão, pelo em algumas das maiores capitais brasileiras. É o caso do Interpol, o classudo grupo americano que passa pelo Brasil em março, com shows em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

À primeira ouvida, uma salvação aos órfãos do rock melancólico, e até mesmo poético. Uma musicalidade densa, coesa, e de poucas notas. Uma voz grave poderosa, a de Paul Banks. Com esses elementos básicos, a banda ganhou a cena indie mundial desde seu primeiro disco Turn On The Bright Lights, enchendo os bolsos da pequena Matador Records. Em 2004, veio a consagração com Antics, um belo sucessor, que arrebatou um disco de ouro nos Estados Unidos, e trouxe à tona pequenos clássicos como C´mere e Not Even Jail.

A turnê que passa agora pela Oceania e América Latina divulga o mais recente álbum da banda, cuja sonoridade não perde a elegância, mesmo sem grandes inovações. Our Love To Admire é o primeiro álbum do Interpol pela Capitol Records, e foi lançado no ano passado. No I In Threesome, primeiro single do disco, carrega as mesmas características dos trabalhos anteriores. E tem até potencial radiofônico e clipe na MTV, embora a banda se declare integrante do mundo indie/underground.

A linha de baixo pronunciada do excêntrico Carlos D. - que garante sempre um show a parte nos palcos do mundo inteiro -, prevalece nas faixas do novo disco. O repertório empolga em faixas apoteóticas como Mammoth e Scale - com jeitão de hinos, e soturnas como Pioneer To The Falls, que se esparrama por mais de 5 minutos com um belo trabalho de timbres do guitarrista Daniel Kessler e crescendos instrumentais. O volume alto fica guardado para Heinrich Maneuver, que já ganhou até um remix versão pista de dana no Myspace do grupo.

A banda, ao vivo, tem recebido elogios pela presença de palco, especialmente nos shows pela Europa. Dado o apelo emocional das canções - que passam longe do sentimentalismo vulgar, e considerando a compenetrada postura dos músicos, o Interpol promete apresentações memoráveis e talvez até inspiradoras tanto para uma nova geração de fãs, como para antigos apreciadores de Joy Division, The Smiths, The Cure e outros grandes. Comparações são inevitáveis, embora desnecessárias.




Quem é o colunista: Renata D´Elia
O que faz: é jornalista e tradutora.
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Atualizado em 6 Set 2011.