Guia da Semana

Foto: Divulgação

2008 foi o ano em que São Paulo (essa selva de pedra, complexa e barulhenta) e Rio de Janeiro (a cidade maravilhosa), puderam se gabar de ter recebido uma grande e respeitável quantidade de shows de artistas internacionais.

Claro que, quanto mais apresentações e festivais forem realizados, maiores as possibilidades dos grandes artistas de rock, de artistas pop, virem tocar por aqui.

Eu ainda não fiz as contas do número de shows que eu assisti este ano, mas foram muitos. Menos do que ano passado, quando passei o verão na Europa e fui a alguns festivais, onde via em três dias uma média de 30 performances (sim, 30!). É algo impressionante, o que os festivais europeus conseguem fazer. Uma experiência adquirida após anos e anos de aperfeiçoamento, através do próprio "fazer festival".

Um festival como o Rock En Seine, por exemplo, que fecha o verão francês, acontece em um parque, com três palcos, um elenco invejável de artistas e organização de primeira. Os horários dos shows são seguidos à risca e você consegue se programar, para tentar não perder ninguém. Mas, nem sempre é possível assitir o artista desejado. Precisei assistir o finzinho do Calvin Harris, porque antes estava vendo Jarvis Cocker, e não conseguia sair do palco principal.

Ah! E o melhor: você paga um preço único pelos três dias de festival e assiste a um número quase insano de shows. Diferente de ações que ainda acontecem aqui, como o Tim Festival, que cobra preços abusivos por dia, em um espaço enorme, com atrações, na maioria, apenas boas, que não encheriam uma casa pequena. O que acontece nesse caso: você vai ao Tim e o festival está vazio, dando uma sensação de um evento ruim.

O exemplo francês, que é comum em todo festival grande de verão europeu e americano, já está sendo seguido no Brasil pelo Planeta Terra. Em dois palcos, o evento revezou atrações para todos os gostos, seguindo horários rígidos, permitindo aos fãs se programarem e assistirem a seus artistas preferidos.

Saindo dos festivais e indo para as casas de espetáculos, tivemos grandes surpresas, como o inesperado Manic Street Preachers, no final de julho, os sempre divertidos The Hives, os saudosos Duran Duran, Cindy Lauper e, o melhor show do ano, na minha opinião, R.E.M.

A banda americana é uma das preferidas desse que vos escreve e eu nunca tinha tido a oportunidade de vê-los ao vivo. Sempre desencontrei de suas turnês em minhas viagens. Esse ano, num show irrepreensível no Via Funchal, lotado, todas as minhas expectativas foram mais do que confirmadas por uma banda madura, super competente. Michael Stipe canta como se fosse o show mais feliz da vida dele, mesmo com o calor que fazia na hora (de terno e gravata o tempo inteiro), mostrando que nada o incomodava. Até comentou que "isso aqui está muito HOT. São Paulo é muito HOT". Isso, depois de uma hora e meia de um show impecável. O público lotou o lugar e cantava tudo. Foram assistir ao show mesmo, sabe?

Por quase duas horas, os integrantes mostraram como uma reputação construída em mais de 20 anos de carreira, pode se transformar em duas horas de puro êxtase.

Daqui uns dias ainda teremos o ´tsunami´ Madonna por aqui, que será a chave de ouro (?) de um ano prolífico como 2008.

Mas a melhor notícia: em 2009, Radiohead no Brasil, ao vivo. A melhor banda, fazendo o melhor show da atualidade. Oportunidade única, imperdível e sem desculpas, por favor.

Feliz 2009!

Leia colunas anteriores de Fabiano Liporoni:

? Sobrou pra mim...o bagaço da laranja


? A Mallu Magalhães é boa ou não é?


Quem é o colunista: Fabiano Liporoni, diretor de cinema, dj, viciado em filmes, música e popices.

Pecado gastronômico: Tiramissu

Melhor lugar do Brasil: Praia do Pulso, Ubatuba

O que ele ouve no carro, em casa e no IPod: Primal Scream, Radiohead, Nine Inch Nails, Velvet Underground, Stone Roses e Cartola

Para falar com ele: Mande um e-mail para [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.