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"Viva a vaia, seu Augusto / Viva a vaia, seu João / Viva a vaia, viva a vaia / Viva a vaia com Diós, amor / Porque me soy argentino / Argentino, gentino, gentino". Tais trechos que integram a melodia Vaia de Bêbado Não Vale, de Tom Zé, não traduzem a idolatria do cantor pelo escárnio de uma platéia e muito menos a sua paixão por nossos "hermanos", mas sim, retrata de forma quase fiel um dos fatos mais deploráveis da música brasileira: o dia em que o músico bossanovista João Gilberto (acima) criticou uma casa de shows paulistana, foi vaiado e ainda rebateu os insultos do público. O tal artista ficou "p. da vida", porém ele pode ter certeza de que não foi o único a passar pelo constrangimento e a ouvir a famosa onomatopéia "Uuuuuuh".
A "música-reportagem" de Tom Zé, com três minutos e meio de duração, reproduz as frases que João Gilberto atirou contra o público ("tem que fazer direito, tem que fazer Brasil"; "vaia de bêbado não vale"; "sou argentino desde pequenininho") em uma apresentação no Credicard Hall, na capital paulista, em 2004. O show começou animado e terminou em desagrado. O violonista Gilberto, um dos pais da bossa nova, rejeitou a acústica do lugar. Reclamou do eco que vazava do palco e, em troca, ganhou o desprezo dos 4.500 convidados que assistiam ao espetáculo. Tom estava lá e como testemunha ocular resolveu contar o que viu. O bossanovista virou piada!
As vaias não foram criadas exclusivamente para JG, e Daniela Mercury é prova disso. O inovador trio elétrico techno da artista no carnaval baiano de 2000 não agradou aos foliões. Enfurecidos, eles fizeram questão de explicitar a insatisfação, vaiando a cantora em alto e bom som.
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Parece que a intérprete de axé virou alvo da galera, pois em 2001 Daniela (acima) ouviu gritos de desaprovação novamente. Dessa vez foi no Festival de Verão de Salvador, onde a cantora se apresentou entre as bandas Pavilhão 9 e Raimundos. Os fãs roqueiros não acataram o show e, além dos gritos houve uma chuva de latas de cerveja.
Uma vaia clássica foi a do 3º Festival Internacional da Canção, em 1968. Outro baiano, o Caetano Veloso, interpretava É Proibido Proibir quando a platéia começou a urrar. Nervoso, o músico pegou o microfone e fez o famoso discurso, em que acusava os presentes de "não estarem entendo nada". Em 1967, Veloso já havia sofrido com os insultos do público. Na época as guitarras elétricas da banda argentina Beat Boys, que o acompanhava, foram recebidas com vaias pela chamada linha dura do movimento estudantil. Para aqueles universitários, o tal instrumento elétrico era símbolo do imperialismo norte-americano e, portanto, devia ser repelido do universo da música popular brasileira. Tempos depois, o baiano ficou famoso graças à apresentação.
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Em 1973, os fãs de CV (acima) não gostaram quando o artista chamou Odair José para fazer uma participação em um show. Resultado: um festival de gritos. Veloso deveria receber uma carteirinha pela sua predestinação às vaias!
E mais um baiano deixa de ganhar aplausos: Carlinhos Brown. O caso aconteceu no Rock in Rio de 2001, quando uma chuva de garrafas atingiu o cantor, logo que ele subiu ao palco. Os roqueiros, que esperavam o Guns N´Roses, não aprovaram o show do intérprete de axé na mesma noite.
Na época dos grandes festivais, muita gente reprovava "na lata" a insatisfação pelo cara que estava no palco. Mas, o cantor Sérgio Ricardo não quis "engolir sapos". Ao receber uma enxurrada de vaias no Festival da Record de 1967, o artista quebrou seu violão e jogou o resto no público presente, pode?!
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Na década de 90, precisamente em 1991, durante a 2ª edição do Rock in Rio, Lobão (acima) ganhou um presente: o músico foi vaiado pela platéia ao subir no palco para cantar. Engana-se quem pensa que ficou por isso mesmo. Ele nem chegou a dar o primeiro acorde, xingou a multidão e se retirou. Uma prova de intolerância contra a opinião da grande massa.
Vaia de Bêbado Não Vale, de Tom Zé |
Primeira edição No dia em que a bossa nova inventou o Brasil No dia em que a bossa nova pariu o Brasil Teve que fazer direito Teve que fazer Brasil Criando a bossa nova em 58 O Brasil foi protagonista De coisa que jamais aconteceu Pra toda a humanidade Seja na moderna história Seja na história da antiguidade E por isso, meu nego, Vaia de bebo não vale De bebo vaia não vale Segunda edição No dia em que a bossa nova inventou o Brasil No dia em que a bossa nova pariu o Brasil Teve que fazer direito Teve que fazer Brasil Quando aquele ano começou, nas Águas de Março de 58, O Brasil só exportava matéria-prima Essa tisana Isto é o mais baixo grau da capacidade humana E o mundo dizia Que povinho retardado Que povo mais atrasado Terceira edição No dia em que a bossa nova inventou o Brasil No dia em que a bossa nova pariu o Brasil Teve que fazer direito Teve que fazer Brasil A surpresa foi que no fim daquele mesmo ano Para toda a parte O Brasil d´O Pato Com a bossa nova, exportava arte O grau mais alto da capacidade humana E a Europa, assombrada Que povinho audacioso Que povo civilizado Pato ziguepato ziguepato Pato Pato ziguepato ziguepato Pato Tratou com desacato o nosso amado Pato Viva a vaia, seu Augusto Viva a vaia, seu João Viva a vaia, viva a vaia Viva a vaia com Diós, amor Porque me soy argentino Gentino, gentino, gentino |
Atualizado em 6 Set 2011.