Guia da Semana

Jairo Goldflus
Foto: Site oficial


Nos últimos tempos, além de constantes trabalhos como ator e aparições com a esposa nada recatada, a modelo Nicole "Coco" Marrow, o rapper Ice T pouco tem aparecido no cenário artístico. Seu último disco, Gangsta Rap, lançado no fim de 2006, obteve mais êxito com a polêmica capa, que retrata o digníssimo em questão e sua senhora completamente nus, do que com o conteúdo, recheado de pérolas do novo modelo do rap americano, que pouco diz respeito aos assuntos que realmente pareciam fazer diferença ao longo de sua carreira.

No entanto, a importância histórica do artista que carrega em seus documentos o nome de batismo Tracy Marrow é inegável. Ele, que, ironicamente nasceu em New Jersey, mas foi criado em Los Angeles, foi um dos principais nomes do início do gangsta rap. O estilo, que mais tarde se consagrou e se tornou o maior responsável pelas vendas (e assassinatos, crimes e etc) do gênero, segue uma linha agressiva, com batidas pesadas e letras polêmicas, geralmente fazendo duras críticas à polícia, alimentando as rixas entre gangues rivais e exaltando atitudes que pais de família tradicionais certamente desaprovariam.

Por isso e mais um pouco é que, mesmo em uma fase não muito positiva de sua carreira, Ice T promete levar um público razoável de amantes do hip hop para suas apresentações no Brasil. Os shows começam em 9 de agosto, em São Paulo. Depois, o rapper segue para o Rio de Janeiro, no dia 10 e, por último, encerra a turnê no dia 11, em Curitiba.

Capa do último disco
O auge da carreira de Ice T aconteceu em 1989, quando lançou o seu terceiro disco, The Iceberg/ Freedom of Speech... Just Watch What You Say. Do álbum, saíram hits bem conhecidos dos ouvidos de quem acompanha a cena hip hop, como You Played Yourself, Lethal Weapon e What Ya Wanna Do?. Pouco tempo depois, o rapper iria se juntar ao grupo Body Count, fazendo uma mistura de rap e hardcore, com algumas pitadas de metal. Na ocasião, sua voz bradou um violento protesto em forma de música, Cop Killer.

A tradução exata do título é "assassino de policiais". A letra inteira fala de alguém se armando e indo para a rua matar os "tiras", como os norte-americanos gostam de falar. Não é preciso nem dizer que depois de lançado, o single gerou vários protestos de policiais, famílias de policiais, amigos de policiais, amigos dos amigos de policiais... Enfim, todo o conservadorismo da terra do Tio Sam se voltou contra Ice T, que provavelmente deve ter apreciado a situação, já que conseguiu um resultado efetivo com a provocação e ainda garantiu alguns trocados extras com o aumento das vendas de seus discos.

Foto: Site oficial
Com o passar dos anos, o rap comercial acabou mudando de cara. Saíram os que mantinham o estereótipo de lobo mau e entraram os famosos "pimps", chacoalhando suas jóias em festas regadas a bebidas e drogas, sempre ao lado de mulheres sensuais com o diabo nos quadris, como já diziam os mais antigos. Assim, com o gangsta pouco a pouco saindo de cena, poucos representantes sobreviveram com trabalhos de qualidade. Ice T, lançando alguns discos que não emplacaram, acabou se dedicando ao cinema e a aparições nada discretas com sua esposa Coco.

Em palcos brazucas, o rapper deve apresentar músicas de seu último CD e alguns hits mais antigos. A esperança (e torcida) é para que ele cante, é claro, Cop Killer, da sua antiga banda Body Count. Em Sampa, o show terá participações dos grupos U-Time, Rosana Bronx e Relatos da Invasão. Cogita-se também a aparição dos membros do Racionais MC´s, de Thaíde, DJ King, entre outros nomes do rap nacional.

? São Paulo
Local: Via Funchal.
Data: 09 de agosto.
Horário: 22h.
Preços: Pista: R$ 80,00. Mezanino: R$ 140,00 e Camarote: R$ 200,00.
Endereço: Rua Funchal, 65 - São Paulo.
Tel.: 3188-4148

Atualizado em 6 Set 2011.