Guia da Semana

O roqueiro irlandês e organizador do Live 8 Bob Geldof


Em 22 de novembro de 1997, o australiano Michael Hutchence, de 37 anos, foi encontrado morto numa suíte de hotel em Sidney. Michael era vocalista do INXS, uma das mais conhecidas bandas dos anos 80 e 90. Ele se enforcou com um cinto após ingerir uma quantidade abusiva de Prozac. Deixou a filha Tiger Lily, de pouco mais de um ano, fruto da união com a apresentadora de TV inglesa Paula Yates. Este foi o estopim de uma batalha que se arrasta até hoje.

A última conversa telefônica de Hutchence foi uma discussão com o cantor irlandês Bob Geldof, da banda Boomtown Rats, e também organizador das duas edições do Live Aid (Live 8). Geldof era ex-marido de Paula, com quem teve três filhas. Eles brigavam na justiça pela guarda das meninas, e Bob alegava que Paula não tinha condições psicológicas para criá-las. Três anos após a morte de Hutchence, foi Paula quem sofreu uma overdose e faleceu. Tiger Lily ficara órfã.

Ao brigar pela guarda da neta, o avô paterno Kelland Hutchence perdeu a disputa, e o próprio Bob passou a criar a menina e administrar sua herança. Uma decisão polêmica, mas bem aceita pela opinião pública. Nos últimos tempos, Geldof até mesmo ganhou o título de Sir, concedido pela Rainha Elizabeth II, devido a seu envolvimento em campanhas mundiais para redução da fome na África e para o perdão da dívida externa dos países pobres, ao lado de personalidades como Bono e Chris Martin. Hoje em dia, ele vive com as três filhas, mais Tiger Lily, em Londres.

O australiano Michael Hutchence


Às vésperas de completarem-se dez anos da morte de Michael, sua mãe, Patricia Glassop, e sua irmã, Tina Hutchence, voltaram a figurar na mídia australiana; dessa vez, com denúncias sobre o comportamento de Geldof, que estaria proibindo visitas e telefonemas de familiares à pequena Tiger. Ele entrou com um pedido de adoção legal da menina, que assim, perderia o sobrenome do pai e ganharia o seu. É o que informou Tina à revista australiana New Idea, na segunda semana de novembro. Por sua vez, Patricia e Tina também acionaram oficialmente a justiça inglesa para adotar Tiger Lily. Elas afirmam ter visto a menina somente duas vezes por em 7 anos. "Ele nos deu 4 dias em visitas monitoradas, em todo esse tempo", revela Tina.

No programa de TV Current Affair, também da Austrália, Patricia falou pela primeira vez após a morte do filho. Sobre Bob Geldof, ela afirma: "Não o vejo como esse herói que todos dizem. Ele é o satã (...) Eu acho que ele é muito cruel por manter essa criança longe da família". Ela também o acusa de aproveitar-se da menina, de 11 anos, para ter controle sobre o espólio de Hutchence. Seus argumentos atingem até mesmo a Peaches Geldof, de 18 anos, irmã mais velha de Tiger, que tem sido chamada de "versão inglesa de Paris Hilton". Para Patricia, ela não representa um bom exemplo para a caçula.

"Ela é uma pequena e linda garota, que perdeu pai e mãe, e que agora vive junto às irmãs, que a adoram. Todos nós a adoramos... parem com isso, por favor!", defendeu-se Bob, em entrevista à televisão britânica. Hoje, com a opinião pública dividida, a mídia australiana parece ter partido em defesa do ídolo morto em 97. Periódicos como Herald Sun têm rendido muito mais atenção ao caso do que ao mirrado show tributo prestes a acontecer em Sidney, no dia 24, sem nenhuma grande atração confirmada. Dez anos após sua morte, Michael Hutchence, o maior ídolo pop da Austrália, autor de New Sensation, Never Tear Us Apart e Suicide Blonde segue ofuscado pelos escândalos ao seu redor. Os membros remanescentes do INXS não se pronunciaram a respeito.

Fotos: myspace.com/bobgeldof e inxs.com


Quem é o colunista: Renata D´Elia
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Atualizado em 1 Dez 2011.