Guia da Semana

Por Humberto Baraldi




Noite de quinta-feira, 15 de setembro. Este é o horário da aterrissagem de um vegetariano convicto, que a primeira vista pode parecer frágil fisicamente, talvez pelo jeito calmo e sereno de se expressar, ou pela pele branca, quase transparente. Mas, por onde passa, ele tem a força de um furacão. Com alguns milhões de discos vendidos, Moby revela apreciar o som da banda brasileira Sepultura, acredita ser um mau cantor e ainda não se considera um típico DJ.

Richard Melville Hall. Este é o nome de batismo deste carequinha nova-iorquino que se diz politizado e contra o governo Bush. " Acho ele, um dos piores presidentes que os Estados Unidos já tiveram", relata. Para ressaltar ainda mais o estilo politicamente correto, o músico, de passagem a Caracas (Venezuela), pediu desculpas pelas declarações do reverendo Pat Robertson, que pediu a morte de Hugo Chávez. "Sinto obrigado a pedir desculpas a toda América Latina pelo péssimo relacionamento externo dos EUA".



Da política para a música brasileira. Horas antes de estrear a turnê brasileira, em um show com preços para lá de salgados, o americano, que recebeu os jornalistas em um hotel de São Paulo, se diz um gringo ignorante, pois conhece muito pouco as composições nacionais. " O que ouço bastante é o som do Sepultura. Acho bem legal".

Filho de uma pianista, o eclético artista já participou de uma banda punk-rock, é um ouvinte assíduo de música clássica e não consegue definir o seu próprio estilo. " Minha música é um pouco estranha mesmo", expõe.

Apesar de ser conhecido mundialmente como DJ, Moby não se considera um. " Em meus shows, eu mais canto do que faço discotecagem. Me apresento até com uma banda". E com modéstia, comenta ainda, entre muitos risos, ser um péssimo cantor.



Após muita descontração, o artista revela ainda ter apanhado em uma festa, por acharem que ele fosse gay. " Todos me vêem como tal, não sei o porquê. Não ligo. Trato com muito carinho todos os tipos de pessoas".

Para a hospedagem aqui na terra do samba, nada de produtos de couro, alimentos com leite ou mel. Na dispensa, não irão faltar comidas naturais e sucos antioxidantes.

Entre todas as exigências de um típico natureba, Moby ficou surpreso ao ser questionado sobre o preço abusivo (R$ 300,00) de seu show em São Paulo. " Estou mais preocupado com as diferenças entre as classes brasileiras do que com o valor da minha apresentação".

O artista com pinta de pop star e queridinho do público hype apresenta aos paulistas, cariocas e mineiros o mais novo álbum, Hotel e revela, em primeira mão, sobre o lançamento do DVD, previsto para o início de 2006. Apesar dos indigestos valores das apresentações, vale a pena conferir o novo estilo rock-eletrônico de Moby. E, se quiser convidá-lo para uma deliciosa feijoada, vá com calma e não fique triste, pois com certeza, ele vai recusar.

Atualizado em 6 Set 2011.