Guia da Semana


Dente de Elvis Presley, desenho pintado pelos filhos de Madonna, móveis de Elton John, óculos de John Lennon, guitarras e mais guitarras, manuscritos, contratos, documentos, fotografias. Acredite: o universo dos leilões tem de tudo. E há quem pague milhares de dólares para ter dentro de casa algo que pertenceu ao seu ídolo, nem que esse algo não tenha funcionalidade, como um fio de cabelo. Em 2003, por exemplo, um chumaço da cabeleira do ex-Beatle George Harrison (que morreu de câncer em 2001) foi arrematado por 1,5 milhão de dólares.

Quem faz a festa com esse fanatismo puro e escrachado são as ONGs, muitas vezes em parceria com músicos engajados em causas sociais. Bono é mestre nisso. Ele entregou uma guitarra à ONG Fome Zero, mantida pelo presidente Lula, na passagem do U2 pelos palcos brasileiros. Leiloado em julho deste ano, na 1ª Mostra Fiesp de Responsabilidade Social, o instrumento foi responsável por mandar R$ 15 mil às obras de construção de tanques de reserva de água no Nordeste.

Elton John não fica atrás. Em 2003, o músico levou a leilão o seu valioso piano de cauda, com o qual fez muitas turnês pelo mundo. A intenção? Arrecadar dinheiro para a Fundação Elton John. No entanto, no mesmo ano, o britânico quis aproveitar para trocar a mobília da sua mansão. E por que não barganhar? Retratos do século XVII e móveis de pele de leopardo coletaram mais de 1,6 milhão de dólares em um famosa liquidação de garagem, promovida pela tradicional casa de leilão Sotheby´s, de Londres.

John Lennon: o rei da barganha

Foto: Reprodução
Mortos ou vivos, mitos da cultura musical reúnem fãs do mundo inteiro em leilões virtuais promovidos por sites (como o eBay e o 911) ou pelas chamadas auction houses (como as britânicas Christie´s e Sotheby´s). Os lances começam a ser dados até que o martelo bata. Foi assim que funcionou, por exemplo, a briga pelos óculos de sol do ex-Beatle John Lennon, que terminou no final de julho. De acordo com o site 911, o par de óculos foi um presente dele a Junishi Yore, um produtor japonês que teria sido tradutor dos Beatles na década de 60. Fofocas de olheiros apontam 1,5 milhão de dólares na jogada.

Entre outros pertences do músico, que estão sob a guarda de fãs incondicionais estão um caderno escolar com desenhos, o diário de viagem às Bermudas, escrito em 1980; o terno branco que ele usa na foto de capa do álbum Beatles Abbey Road; o manuscrito da canção All you need is love - esse vale mais de R$ 2,5 milhões -; a jaqueta militar original da I Guerra Mundial, que inspirou a capa do disco Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Clube Band; o piano que ficava em seu apartamento nova-iorquino; aquarelas pintadas por ele; seus famosos óculos redondos...

Elvis Presley: os mais intrigantes

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Deu para perceber que 2003 foi um ano em que o martelinho não parou. Nem o dente de Elvis Presley escapou das barganhas virtuais. A idéia foi de uma das ex-namoradas do rei do rock, Linda Thompson, que exigiu no mínimo 100 mil dólares pelo molar do astro. Realizado pelo eBay, que não garantiu a autenticidade do objeto em questão, o leilão também colocou à venda uma madeixa do mítico topete do cantor e um álbum com o hit Love me Tender, todo banhado a ouro.

Dois anos depois foi a vez de um copo utilizado pelo astro em um de seus shows fazer uma turnê pelos Estados Unidos. Ele pertence a Wade Jones, que diz tê-lo conseguido com um policial, após uma apresentação de Elvis na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte. O utensílio foi utilizado como atrativo para uma campanha beneficente que Jones promovia com sua empresa de biscoitos, a Nutballz®.

Se o rei estivesse vivo, certamente ficaria chateado com o que ocorreu em 2006: seu urso de pelúcia, comprado por um aristocrata gringo em um leilão em Memphis, foi estraçalhado por um cão de guarda do museu infantil onde estava exposto, na Inglaterra. O ursinho pertencia a uma coleção rara, avaliada em mais de 100 mil dólares.

Whitney e Michael: solução para dívidas

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No começo deste ano, a cantora pop Whitney Houston abriu mão de mais de 400 objetos pessoais. Longe de ser uma ação social, a atitude da diva decadente tem a ver com uma dívida avaliada em 175 mil dólares. Instrumentos musicais e equipamentos de som utilizados na turnê de 1999, roupas de Giorgio Armani, Jean-Paul Gaultier e Gianni Versace, além de pertences mais íntimos, como jóias e cartas, foram obrigatoriamente levados a leilão pela Corte Suprema de Nova Jersey.

Na mesma situação de Whitney, que chegou à decadência por seu envolvimento com drogas e pelas brigas conjugais com Bobby Brown, seu ex-marido, Michael Jackson troca direitos autorais de canções famosas pelo financiamento de parte dos 300 milhões de dólares que deve por aí. Parte do catálogo musical ATV/Sony, com mais de 4 mil canções, sendo 200 dos Beatles, teve que ser cedido. O consumismo exagerado do artista e a acusação de assédio sexual a um garoto de 13 anos foram fatores determinantes para arrasar com sua carreira e cansarem os martelinhos dos leilões.

B.B. King: tudo por caridade

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Em sua provável última turnê da vida (pelo menos no Brasil), o lendário B. B. King fez bonito. Alguns dos disputados e caríssimos ingressos para sua apresentação em São Paulo, em dezembro do ano passado, foram a leilão beneficente.

Alguns fãs chegaram a pagar R$ 2,3 mil por um lugarzinho no Via Funchal e outros a desembolsar R$ 900 para entrar no Bourbon Street e ver o blues em pessoa tocar a poucos metros do nariz. Parte de todo o dinheiro arrecadado nas bilheterias e nos leilões foi destinada à Associação Cruz Verde de Assistência a Crianças e Adultos com Paralisia Cerebral.

Antes disso, em 2004, o músico pai de 15 filhos leiloou sua famosa guitarra Lucille para ajudar a mesma instituição de caridade. O comprador foi um carioca, colecionador de instrumentos musicais históricos, que a levou por R$ 46 mil. Detalhe: na época, a mesma Gibson custava cerca de três 3 mil dólares no mercado.

Atualizado em 1 Dez 2011.