Guia da Semana

Alanis Morissette está de disco novo. Foi lançado mundialmente no dia 2 de junho e que após três semanas ns charts já vendeu cerca de 330 mil cópias, estrando em oitavo lugar na parada da Billboard. Nenhuma surpresa até então. A notícia ruim é que Flavours of Engedlement não tem absolutamente nada de mais a oferecer.

Não espere um disco de rock. Não há praticamente resquícios daquela Alanis das letras explosivas e da pose desencanada nos tempos de Jagged Little Pill (1995), seu primeiro e melhor disco até hoje. Tampouco se trata da Alanis versão zen e meio pirada de Supposed Formed Infatuation Junkie. Não há gritos, não há barulheira, o que existe é uma roupagem pop moderninha, cheia de efeitos eletrônicos, mas nada dançante e muito menos original.

Flavours of Engedlement soa forçadamente radiofônico todo o tempo. Se a intenção era gravar um disco sofisticado com a mão do produtor Guy Sigsworth, o "ex" de Björk e Seal, foi por água abaixo. A primeira faixa Citizen of the Planet remete a trabalhos anteriores de Alanis, com uso de instrumentos indianos. Se não chega a impressionar, pelo menos se difere do restante do disco, composto por cançõezinhas formatadas para assimilação automática, ainda que por vezes soem simpáticas, como em Underneath.

A influência direta de Tori Amos comparece nas baladas ao piano e bom trabalho vocal, como Not As We e Torch. Curiosamente, são os melhores momentos do disco, embora tendam a enjoar nas próximas ouvidas. A temática, nesses casos, são os relacionamentos amorosos, sobre os quais Alanis já trabalhou melhor. Outro problema é o uso de riffs de guitarra completamente desgastados em Versions of Violence.

Generosamente podemos até acreditar na melodia fácil de Incomplete - ótima trilha para telenovelas e seriados adolescentes, por sinal. Ou mesmo na honestidade de outra canção previsível, Tapes. Mas não nas incontáveis tentativas de criar texturas e climas mais sombrios, sem a menor profundidade. Essa Alanis que tenta se adaptar a tendências musicais bastante rasas não interessa. Aquela do clipe de Ironic, por exemplo, era gente fina. Saudade da gaitinha.


Quem é o colunista: Renata D´Elia
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Atualizado em 6 Set 2011.