Guia da Semana

Minha mãe sempre me ensinou que era feio reclamar de barriga cheia. Mas no caso de shows por aqui, e eu digo São Paulo em particular, apesar de toda a demanda no final do ano, com tantos festivais, eu sempre fico achando que falta alguma coisa. Ou pior, eu sempre fico achando que a gente fica com a raspa do tacho dos festivais de verão do hemisfério norte.

Todas as bandas se preparam um monte pra lançar singles, álbuns e fazerem o tour em junho, julho e agosto no circuito dos festivais de verão lá em cima. Fazem uns shows maravilhosos em festivais também maravilhosos de 3 dias, 4 dias, onde se paga uma entrada única pra todos os dias com a possibilidade de se ver 80 shows até, se a sua perna agüentar, claro, porque correr de um lado pro outro em lugares gigantes pra tentar pegar meia hora de um show, depois outra meia hora de outro, não é pra qualquer um.

Esses shows são super incensados pela mídia, ou detonados, claro, mas na maioria das vezes super bem falados e elogiados. Então, depois de uns 2 anos, pelo menos, esses shows chegam aqui nesses lados. Uma piada recorrente é que o Tim Festival tá sempre pelo menos 2 anos atrasado. Então, o Tim Festival 2008, na verdade é o Tim Festival 2006, devido ao atraso em trazer as atrações, já que sempre 2 anos antes essas atrações estavam lançando os tais álbuns que disse acima. E o pior, às vezes trazem e as tais atrações principais cancelam, como foi o caso do Gossip esse ano. Imperdoável.

Apesar do Gossip, ainda vamos ver Klaxons, Neon Neon, Gogol Bordello, MGMT, The National, Kanye West, só pra citar os aristas mais pop da edição desse ano, que é sempre o caso dos meus textos, o pop. E alem do Gossip, quando um artista como Paul Weller cancela o show e a produção dá a desculpa que um de seus músicos não conseguiu visto pra tocar aqui e que esse artista, ainda por cima, é brasileiro, não cola muito. Bom, é esperar que ninguém mais suma nos próximos dias. E esperar que o povo que vem Pro Haagen Dasz Mix Music, como a Uffie, os Glimmers ou o VHS Or Beta também não se percam no coaminho. Ou o Jesus and Mary Chain, o Kaiser Chiefs e o Bloc Party, bandas que vêm tocar no Planeta Terra, também não digam que tem medo de avião, como foi a desculpa que um outro festival ano passado deu por não ter trazido um artista.

Mas tudo isso pra dizer da minha incredulidade quando no início de outubro cancelaram os shows confirmados que o Nine Inch Nails faria em São Paulo e em Porto Alegre. Datas canceladas, ingressos devolvidos e nenhuma satisfação. Bom, o NIN faz o melhor show hoje em dia em relação a palco, luz, som e repertório e não te-los por perto foi a grande decepção em relação a produção de shows por essas plagas. Por isso que lá em cima eu disse de reclamar de barriga cheia.

Apesar de tudo o que veremos até o final do ano, tudo o que eu citei e mais ainda R.E.M., Duran Duran, Cindy Lauper, Madonna e outros que já ouvi dizer mas que ainda não se confirmaram, não ter o show que a revista Wired considera como um marco em shows ao vivo, dizendo que nos próximos anos (plural) vai ser difícil algum artista superar o que o NIN está fazendo no palco nessa turnê. Ainda espero que alguém arrume data disponível na agenda do Trent Reznor e se redima trazendo o show antes do final da turnê da banda, assim fecharíamos com chave de ouro, só faltando ainda a lenda Radiohead, que como um passarinho verde me contou...

Quem é o colunista: Fabiano Liporoni, diretor de cinema, dj, viciado em filmes, música e popices.

Pecado gastronômico: Tiramissu

Melhor lugar do Brasil: Praia do Pulso, Ubatuba

O que ele ouve no carro, em casa e no IPod: Primal Scream, Radiohead, Nine Inch Nails, Velvet Underground, Stone Roses e Cartola

Para falar com ele: Mande um e-mail para [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.