Guia da Semana

Foto: Divulgação / George Chinn


Vestibular e pouca idade foram os motivos que me impediram de assistir o Guns 'N Roses em todas as oportunidades que a banda tocou por aqui. Nas duas versões do Rock In Rio, em 91 e 92, e também na apresentação realizada no estacionamento do Anhembi, em 92, este colunista não tinha nem uma década de vida. Já em 2001, na terceira edição do Rock In Rio, na cidade maravilhosa, os estudos e os diversos vestibulares foram os obstáculos.

Após ter perdido esta chance, minhas esperanças de ver o Guns ficaram quase nulas. Sempre acompanhando as notícias da produção do lendário Chinese Democracy, as confusões de Axl, a troca intensa de integrantes e outros fatores negativos quase me fizeram bradar: Sou um gunner e já desisti! Mas, daquele rapaz megalomaníaco e muitas vezes imprevisível, podemos esperar tudo.

Foram quase 15 anos de espera desde o Spaghetti Incident, de 1994, disco que já demonstrava a falta de química entre os integrantes que dominaram o mundo no final da década de 80 e início dos anos 90, principalmente entre as estrelas Axl e Slash, e o lançamento de Chinese Democracy, em novembro de 2008. Quando finalmente o CD foi lançado oficialmente, a esperança voltou como as inesquecíveis apresentações do Guns no estádio do Maracanã, em 91 e 92.

A partir daí, a espera foi longa entre shows, fofocas, mais trocas de integrantes, até a confirmação da turnê mundial do Chinese, com passagem mais do que assegurada pelo Brasil. Confesso a todos que os dias que antecederam 13 de março de 2010, data da apresentação em São Paulo, foram os mais longos desse mundo! Mas, tudo bem! Sabia que fazia parte essa tal de ansiedade.

13 de março, acordo logo cedo e inicio o ritual. Banho ao som de Paradise City no último volume para desesperos dos meus pais e vizinhos. A partir daí, só festa. Encontro com os amigos com destino ao Palestra Itália, ao som de Guns´N roses, e claro, muita cerveja! Do lado de fora do estádio, um pouquinho mais do suco de cevada (como diria Mussum), outros "drinques" especiais e o clima estava pronto. Agora bastava esperar, esperar e esperar, até porque Axl Rose adora atrasar.

Já acomodado nas dependências da arquibancada descoberta especial, um mar de gente na pista, outras tantas nas arquibancadas. Histórias, relatos, imitações, bandanas vermelhas e o principal: expectativa à flor da pele para curtir o 'show da vida' de muitos fãs, como eu. A entrada do Guns estava prevista para 21h30, porém três bandas abriram o espetáculo, entre elas, Sebastian Bach, ex-Skid Row, que abriu com louvor a noite.

Por volta de 0h45, as luzes do Palestra Itália se apagam. Delírio total! Os telões acendem uma luz vermelha e os primeiros acordes de Chinese Democracy me deixaram com a obrigação de agradecer a Deus por estar ali desfrutando aquele momento. Mais alguns segundos, luzes piscam e fogos explodem. Lá está Axl Rose! Seus passos e vestimentas não são os mesmos, afinal ele está com 48 anos de idade, mas uma coisa esse rapaz tem de sobra: carisma!

Segundos depois, um verdadeiro susto. Alguém da pista joga um copo de água que atinge em cheio o braço do vocalista. Aos gritos de "Stop, Stop, Stop", o som deixa de tocar e Axl começa a disparar contra o agressor. Mas, analisando friamente, chego a conclusão de que foi apenas um charme do rockstar, que após chamar a pessoa de covarde e ameaçar ir embora, retomou a música para delírio de todos.

O objetivo aqui não é detalhar o show, elogiar ou criticar o set list ou até mesmo o esforço de Axl para demonstrar que ainda continua o mesmo no quesito voz, até porque, sinceramente, não sou a pessoa mais indicada para isso. Neste caso, o profissionalismo fica de lado para dar total prioridade ao coração e as emoções sentidas neste dia. Pois, os leitores não devem esperar uma crítica neutra de quem chorava até em Welcome to the jungle, Paradise City, It´s so Easy, You Could be mine, entre outros hits! Vale ressaltar que até mesmo o concreto do Palestra Itália deve ter chorado na execução da perfeita November Rain, ponto mais alto do show.

Do novo trabalho, Axl sabe da sua responsabilidade em não apresentar ao mundo um projeto "mais ou menos". Com a cabeça no lugar, os fãs, como eu, devem saber que superar, ou até mesmo atingir os sucessos de Apetitte For Destruction, Use Your Illusion I e II é algo impossível. Entretanto, é de ótimo gosto alguns hits, como Chinese Democracy, This I Love, Better e I.R.S, que com certeza vão elevar ainda mais o novo disco da banda.

Por fim, digo que somente trocaria esta noite para voltar no tempo e assistir o Guns em sua formação clássica, naquela noite do Rock In Rio. Thank you, Axl Rose!

Leia a coluna anterior de Ari Magatti:

Uma noite em alta voltagem

Quem é o colunista: Ari Magatti.

O que faz: Sou jornalista e nas raras horas vagas, procuro pescar ilusões... sempre!

Pecado Gastronômico: TODOS os chocolates...hehehe

Melhor lugar do mundo: Com a pessoa especial do meu lado, até a estação Sé do metrô às 18h30...rs

Fale com ele: arimagatti @uol.com.br

Atualizado em 6 Set 2011.