Guia da Semana

O cantor, compositor e polemista Lobão integra a 16º edição do Abril Pro Rock


As últimas duas décadas confirmaram o Abril Pro Rock como um dos principais festivais independentes do país. Em sua 16º edição, ele divide a função de garimpar e promover talentos da música nacional com outros eventos semelhantes como o Mada, em Natal, o Humaitá Pra Peixe, no Rio de Janeiro, e o Bananada, em Goiânia.

Colocando lado a lado nomes de relevo da cena e artistas que não contam com o respaldo de uma grande gravadora, os chamados independentes, o Abril Pro Rock mostrou-se hábil em projetar nomes consagrados do rock nacional como Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e O Rappa. Em 2008, a velha guarda se faz presente com os veteranos Lobão, Wander Wildner e Júpiter Maçã, músico gaúcho que acaba de lançar o elogiado álbum Uma Tarde Na Fruteira.

Celeiro independente

Muitas vezes preteridos pelos badalados festivais do eixo Rio-São Paulo, artistas que trilham a cena independente encontram em eventos mais democráticos como o Abril Pro Rock a possibilidade de conquistar um público antenado nas novidades do cenário musical, embora vejam com ressalva o alcance de suas performances. "A questão de um festival catapultar uma banda desconhecida para que ela depois se firme é um pouco mais difícil, até porque há sempre muitas atrações, e uma banda nova normalmente não faz parte dos melhores horários", pontua Beto Cupertino, vocalista e guitarrista do Violins, quarteto goiano que sobe ao palco do APR no sábado, 12, mesma data em que se apresentam os neozelandeses do The Datsuns e cantora Céu.

Superguidis: gaúchos em peso no APR
Em contrapartida, o intercâmbio com músicos de todo o país é um dos pontos altos sublinhados pelo baixista Diogo Macueidi, do Superguidis, banda gaúcha que tem se apresentado em importantes eventos dentro e fora do país. "Nesses festivais, vimos muita gente boa, de qualidade impressionante, como o Vanguart e o Macaco Bong, do Mato Grosso, e os Los Porongas, do Acre. Sem os festivais, seria muito difícil uma banda independente mostrar seu trabalho. No nosso caso, ganhamos experiência com os shows e viajamos muito", explica Macueidi, que também estréia no APR na noite de sábado.

Elogiado pela boa estrutura oferecida tanto a medalhões quanto aos novatos, o APR passa ao largo dos já afamados concertos que privilegiam atrações internacionais em detrimento das pratas da casa. O vocalista do trio Vamoz!, Marcelo Gomão, mostra-se animado com a possibilidade de integrar a 16º edição do Abril Pro Rock, "É o maior festival do nordeste! Além do mais, nós queremos fazer um show extra loud, e lá encontramos ótimos recursos de som, luz e equipe".

Escalação gringa

Um dos carros-chefes do festival é o veterano New York Dolls, banda responsável pela difusão do glam rock no início dos anos 70 e pela afirmação do visual andrógino em cima dos palcos. Capitaneado pelo quase sessentão David Johansen, o grupo que serviu de inspiração para uma leva incontável de figurões da cena punk aporta pela primeira vez no país.

Bad Brains: reggae e hardcore na receita
Quem também estréia em terras brasileiras é o quinteto The Datsuns, da longínqua Nova Zelândia. Desconhecida do grande público, a banda promete pesar a mão em petardos que ecoam o velho hard rock de nomes como Cult e AC/DC. A escalação gringa do primeiro final de semana ainda conta com o aclamado quarteto experimental Bad Brains, cujo guitarrista Dr. Know e o baixista Darryl Jennifer são os únicos membros remanescentes da formação original.

Separados por um intervalo de 15 dias, os alemães do Gamma Ray e do Helloween fecham o Abril Pro Rock em uma noite dedicada ao metal. Enquanto o grupo de Kai Hansen oferece aos fãs as faixas do álbum Land Of The Free II, sua antiga banda, o Helloween, desfila alguns dos sucessos que ajudaram a elevar o quinteto à condição de expoente do gênero.

Pratas da Casa
O vocalista Adriano Lemos e o baterista Eduardo Martins, do grupo recifense Project 666 falam sobre a experiência de dividir o palco com os veteranos do New York Dolls e do Bad Brains

Vocês já tocaram em outros festivais independentes, mas o Abril Pró Rock deve ser uma experiência diferente, já que é uma vitrine bem estabelecida no Brasil?

Eduardo - Desde as primeiras edições que vou ao APR como espectador, e já vi muita banda se destacar no festival e depois disso não acontecer mais nada. Acho que o mais importante para uma banda nova, como o Project 666, que tem oportunidade de tocar num evento de tal porte é saber aproveitar a visibilidade e a exposição concebida. Por isso que estamos trabalhando muito, tanto na parte da apresentação-execução em si, como também no nosso material de divulgação.

Como você vê esse aumento no número e na qualidade dos festivais no país? Vocês acham que esse tipo de evento é capaz de revelar uma banda relativamente desconhecida e depois ajudá-la a se firmar?

Adriano - São esses grandes festivais que conseguem fazer com que grandes bandas que até então não tinham espaço para mostrar seus trabalhos, se exponham e possam mostrar para o grande público o talento que até então estava escondido dentro de garagens. A qualidade desses festivais está justamente nesse ponto, é quando você consegue mostrar um novo talento.

Eduardo - Do mesmo modo que a cena independente mudou com as bandas, o mesmo acontece com esses festivais. Através da internet, bandas e festivais criam suas comunidades para discutirem o desenvolvimento de toda uma cena. Na web, o público também está em contato direto com os organizadores do evento e também com as bandas. Hoje, fica mais fácil selecionar bandas para tocar num festival justamente por isso. Essa ponte entre o festival e o público está mais estreita, direta.



O Abril Pro Rock pode levar o som do Project 666 a um público diferente, abrindo a possibilidade de vocês frequentarem outras praças? Qual a expectativa de vocês quanto às apresentações do New York Dolls e do Bad Brains?

Eduardo - O APR é um festival diversificado que atende vários segmentos musicais. Tem neguinho que vai para assistir ao show do Mukeka di Rato, e acaba se espantando com o show de uma outra banda que ele mesmo achava que não ia curtir, devido ao estilo de som que não o agrada muito. Na noite de sexta, que vai está permeando entre bandas de Hard Rock, Punk, Indie, seremos a única banda de metal... Isso é bem interessante.

Adriano - Realmente o Abril pro Rock, como qualquer outro festival de grande porte, tem essa capacidade de juntar e misturar pessoas que gostam de estilos musicais diferentes e isso é algo que é novo para todas as bandas que tocarão no festival, pois é uma oportunidade única de se mostrar trabalho para pessoas diferentes do público usual que cada banda possui! E será ótimo tocar com lendas como o New York Dolls e Bad Brains.

Eduardo - Estou muito ancioso para ver o Bad Brains. Os caras conseguiram misturar dois tipos de músicas bem diferentes, o hardcore e o reggae, numa só música. Isso lá no inicio da década de 80. Sem o Bad Brains o que aconteceria com a sonoridade de bandas como o Faith No More e o Red Hot Chilli Peppers?


PROGRAMAÇÃO

SEXTA, 14 DE ABRIL

Palco 1
Mukeka Di Rato (ES)
New York Dolls (EUA)
Bad Brains (EUA)

Palco 2
Project 666 (PE)
Zumbis do Espaço (SP)
Vamoz! (PE)

Palco 3
Banda do Link Musical
The Sinks (RN)

SÁBADO, 12 DE ABRIL

Palco 1

Céu (SP)
Autoramas (RJ)
Júpiter Maçã (RS)
The Datsuns (Nova Zelândia)
Lobão (RJ)

Palco 2

Sweet Fanny Adams (PE)
Violins (GO)
Vitor Araújo (PE)
Rockassetes (SE)
Superguidis (RS)
Pata de Elefante (RS)

Palco 3

Banda do Link Musical
Erro de Transmissão (PE)
Barbiekill (RN)

DOMINGO, 27 DE ABRIL

Palco 1

Gamma Ray (Alemanha)
Helloween (Alemanha)

SERVIÇOS - Abril Pro Rock 2008

Datas:11, 12 e 27 de abril
Local: Chevrolet Hall - Rua Agamenon Magalhães, s/n, Complexo de Salgadinho, Olinda
Abertura dos portões: sexta e domingo, 20h; sábado, 17h
Ingressos: 11 e 12/04 - R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (meia-entrada), R$ 30,00 + 1 kg de alimento não perecível (ingresso social), R$ 500,00 a R$ 800,00 (camarotes); 27/04 - R$ 80,00 (inteira), R$ 40,00 (meia-entrada), R$ 50,00 + 1 kg de alimento não perecível (ingresso social), R$ 800,00 a R$ 1500,00 (camarotes).
Pontos de Venda: Lojas Renner - Imperatriz e Shopping Recife; Chevrolet Hall (cartões Visa e Mastercard são aceitos apenas nas bilheterias do Chevrolet Hall).

Atualizado em 6 Set 2011.