A partir das duas últimas décadas do século 19, a seringueira se espalhou por toda mata graças aos interesses da indústria automobilística. A borracha colocou Xapuri no noticiário nacional no momento do boom, quando todos pagavam caro pela extração do leite da seringueira, e também no período da decadência, quando, em nome do lucro, latifundiários resolveram expulsar à bala os trabalhadores da floresta.
O tempo passou, e frutos e raízes da mata voltaram a despertar interesse dos empresários. Até a gigante francesa Hermès entrou nessa, e está instalando uma unidade produtiva na floresta. Mas, dessa vez, exploração econômica conjuga com preservação e inovação. A borracha não serve apenas para fazer as rodas de veículos, mas também para decorar e embelezar ambientes. É o couro vegetal.
Foto: Bruno Cesar Dias
Feito de látex, o couro vegetal confere rusticidade e requinte como acessório e transforma-se em fonte de renda para seringueiros e artesãos
O processo de extração e fabrico é quase idêntico ao industrial. No entanto, ao invés de fortes elementos químicos para aumentar a resistência, o couro vegetal leva somente corantes naturais e resina para adensar o brilho. Assim como outros produtos, ele possui mil e uma utilidades e depende somente da sua espessura e tamanho para confeccionar de singelos porta-copos a cachepós, de revestimentos para ambientes a roupas.
Ganham todos. Os ambientes decorados, a natureza preservada e as comunidades produtoras, que se reúnem em cooperativas e fazem utensílios, acessórios e objetos decorativos do couro vegetal, do coco da castanheira, de sementes e outros materiais. Localizada no Parque da Maternidade, em Rio Branco, a Casa do Artesão reúne 160 profissionais que expõem e vivem da venda de seu artesanato, como Cesarina Pereira. A acriana trabalha no ramo de convites personalizados, até que conheceu num evento da cooperativa o índio artesão. "Me apaixonei pelo trabalho com sementes. Elas vêm da natureza e a partir delas faço de tudo, de joias da floresta a caixas, acessórios e objetos para o lar", comenta a artesã. As peças vão de descansos de copos a bolsas e necessaires e variam de R$ 5 a R$ 70.
Luxo selvagem
Foto: Jaqueson Queiroga
Ambiente do Hotel Seringal Cachoeira, em Xapuri, utiliza produtos locais, como cabaças, junco, madeiras e barro
Saindo do extrativismo sustentável e indo para a indústria moveleira, muita coisa boa, de qualidade e com alto padrão de requinte vem tomando as principais feiras do setor, como a da Abimad, ocorrida em fevereiro último.
A Companhia das Fibras, uma das empresas participantes da feira, fabrica tapetes e demais utensílios têxteis com cizal, juta, rami, algodão, palha de bananeira e couros. "São produtos extremamente sofisticados, mas que não exigem altos custos de conservação como a maioria pensa", comenta Fernando Borges, diretor de marketing da empresa.
Já Geraldo Queiroz, diretor-geral da Amazônia Móveis, há mais de 20 anos no setor e com mais de dois mil itens no catálogo feitos com junco, rottim, bambu e outros, destaca a sintonia do atual momento de consciência de consumo com o uso desses produtos. "O uso de fibras e madeiras certificadas promove uma decoração voltada para a preservação, e isso passa para o ambiente uma energia positiva, deixando-o quente e aconchegante e com a força da brasilidade", destaca o empresário. Um verdadeiro recanto da floresta em salas e demais cômodos das casas nas cidades.
Serviço:
Amazônia Fibras Naturais
Rua Luís Seraphico Júnior, 1.089 - São Paulo
Tel: (11) 5641-6880
Brentwood
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2068
Tel: (11) 3081-0370
Shopping D&D, Loja 217
Tel. (11) 5507-3172
Shopping Lar Center, Loja 223
Tel. (11) 2221-2923
Casa do Artesão - Parque da Maternidade
R.Coronel João Donato, 27, Ipase, Rio Branco
Tel: (68) 3223-1878
Companhia das Fibras
Tel: (11) 2305-7564 / 3773-9953
Dpot
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.250, São Paulo
Tel: (11) 3082-9513
D&D Shopping, piso térreo
Tel: (11) 3043-9159
Marché Art de Vie
Al. Gabriel Monteiro da Silva 1606, São Paulo
tel: (11) 3853-9765
R. Itápolis, 219, São Paulo
Tel: (11) 3660-2888
Schuster
Tel: (55) 3541-1399
Atualizado em 21 Set 2011.