Guia da Semana



Crianças têm muitas tarefas, precisam se dividir entre escola e atividades extracurriculares. Sem tempo para diversão, as brincadeiras ficam em segundo plano. Como não há muitos cuidados com a alimentação, comidas rápidas se encaixam perfeitamente nesta rotina quase tão puxada quanto a de um adulto. Ainda em fase de desenvolvimento, corpo e mente se adaptam e sofrem com o cotidiano desajustado. É quando surgem alguns problemas.

Síndrome Metabólica

Segundo a edocrinologista e nutróloga Ellen Paiva, um grande problema que tem atingido um número cada vez maior de crianças é a síndrome metabólica, estado causado pela má alimentação. É caracterizado pelo acúmulo de gordura, principalmente na região do abdômen, associado a outros fatores de risco: pré-diabetes, alto índice de triglicérides, pressão alta e baixo nível de bom colesterol.

Pré-diabetes
Este quadro ocorre quando o índice de açúcar no sangue, medido em jejum, fica entre 99 e 126. Significa que o corpo tem dificuldade para sintetizar a glicose e gera alta probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2, antes só observada em adultos.

Triglicérides
Os carboidratos ingeridos são armazenados no corpo na forma de triglicérides, um tipo de gordura. Este fator é uma das principais causas de problemas vasculares, pois gera a obstrução de artérias e dificuldades de circulação sanguínea.

Hipertensão
Estima-se que cerca de 3,5 milhões de crianças brasileiras têm pressão alta, hipertensão. O problema pode ter raízes genéticas, porém, sua principal causa é obesidade ou sobrepeso. Esta doença não tem muitos sintomas, algumas vezes está relacionada com sangramento no nariz ou tontura, porém, suas conseqüências podem ser graves, como infarto e hemorragia cerebral.

HDL
O bom colesterol, conhecido como HDL-colesterol, tem, entre outras funções, o papel de "limpar" o mal colesterol das células. Vem da gordura insaturada e pode ser encontrado não apenas em sementes oleaginosas, como amêndoas e nozes, mas também em óleos vegetais e peixes. Em pacientes com a síndrome metabólica, este elemento fica abaixo do nível recomendado.

A solução

Além de atividades físicas regulares, a melhor maneira de ter um corpo mais equilibrado é mudar a dieta. A criança precisa comer mais fibras e menos carboidrato e gordura animal. Mas não pense que isto vai deixar o organismo debilitado ou desnutrido, a dieta restringe apenas o consumo de calorias, não o de vitaminas. Porém, em alguns casos, o tratamento precisa ser feito por uma equipe multidisciplinar, pois problemas psicológicos também podem levar a ingestão excessiva de comida.

Estresse e depressão

As tarefas se acumulam, são muitas atividades e horários a serem cumpridos, a criança não tem tempo para diversão, os pais não dão atenção aos filhos, as relações afetivas não se consolidam e não há modelos para seguir.

É neste quadro que casos de estresse e depressão infantil se fundamentam. A psicopedagoga Eliana Santos diz que começam a aparecem os primeiros estudos sobre estresse e depressão infantis. Aliás, algumas crianças têm pensamentos suicidas e, em casos mais extremos, chegam a tomar medicação controlada.

Os pais estão estressados, se cobram e a criança também se cobra, não acha que é boa o bastante e busca a perfeição. Algumas vezes pode achar que não é querida ou amada, sente-se desmotivada a viver. O principal sintoma é a perda da "curiosidade infantil.

Como ajudar

É fundamental conhecer o próprio filho, saber o ritmo da criança e montar um esquema com horários e atividades de acordo com os interesses do pequeno, Eliana explica "é preciso montar uma agenda com a criança e não para a criança".

Dores nas costas

Em meio a tanta preocupação, os pequenos também apresentam dores nas costas e tensão acumulada. Muitos pais acham que essas coisas só acontecem com adultos, porém a fisioterapeuta Denise Gurgel explica: "o estresse é o mesmo, a tensão é a mesma, os hormônios produzidos são os mesmos".

É preciso estar atento às reclamações da criança, ela deve saber que não é normal doer. Algumas vezes pode ser algo grave que gera problemas futuros, como, por exemplo, um desvio em alguma junta. Porém o principal fator de queixa e preocupação são as dores nas costas e a especialista aponta os dois maiores vilões que causam a má-postura infantil.

Mochila
Atentas aos problemas das crianças, as escolas têm diminuído o volume de material que o aluno precisa carregar, algumas até disponibilizam armários para livros e apostilas. Mochilas com rodinhas também ajudam a não sobrecarregar as costas dos pequenos, porém, o peso recomendável para ser levado na mochila é o mesmo, tanto faz se ela vai nos ombros ou sobre rodinhas, deve ser entre 10% e 15% do peso da criança. Exageros forçam as costas e afetam o desenvolvimento muscular.

Computador
A fisioterapeuta indica o computador como principal vilão da má postura infantil. Segundo ela, os fabricantes não fazem adaptação alguma para o corpo da criança, portanto, é recomendável que os pais façam algumas modificações para melhorar a postura das crianças.

Se a criança não consegue encostar os pés no chão, é preciso colocar uma caixa de sapato ou alguns livros para dar apoio aos pés. Também é importante regular a altura do monitor para que fique na linha dos olhos e colocar algum apoio para os cotovelos. Assim, os ombros ficam relaxados. Na hora de sentar, a postura deve ser observada, já que o peso do corpo precisa estar distribuído nos ísquios, ossinho do bumbum.

Desvios

Os principais problemas que a má-postura acarreta são cifose e escoliose. Na primeira acontece o arredondamento das costas e os ombros caem para frente, a chamada corcunda. Esta posição comprime o tórax e gera problemas de respiração, porque diminui o espaço para os pulmões. Na segunda, quadril e ombros ficam desalinhados e a coluna perde mobilidade.

O melhor remédio

Os pais devem ensinar aos filhos a necessidade de cuidar do corpo, incentivar atividades físicas e brincadeiras. Dar tempo para que a criança aproveite sua infância e, principalmente, passar dar mais atenção, carinho e amor ao pequeno, afinal, as experiências da infância interferem muito em quem seremos quando adultos.


Atualizado em 6 Set 2011.