Empreendimentos imobiliários de altíssimo padrão, carros de última geração, roupas de grife, lugares badalados e gêneros alimentícios exclusivos: o mercado de luxo é responsável por uma movimentação de cerca de US$ 200 bilhões por ano no planeta. Segundo dados da pesquisa realizada pela MCF Consultoria e GfK Brasil, no país esse segmento representa 1% dessa fatia e teve uma pequena queda nos investimentos devido a crise mundial, devendo ficar em torno de US$ 830 milhões neste ano (contra US$ 950 milhões em 2008). Mesmo com a queda no crescimento, o setor continua mantendo o seu perfil, trabalhando em duas características bem definidas: a marca e o desejo.
A pesquisa que ouviu empresas e clientes do setor revelou que as mulheres representam 63%, que tem a maior parte dos consumidores entre 26 e 35 anos (40%). "Esses produtos e serviços alcançam patamares de excepcionalidade e emitem sinais de perfeição. No Luxo trabalhamos com produtos e serviços desejados, que não estão em todos os lugares ou disponíveis a todas as pessoas, por isso encanta o consumidor", ressalta Cris Duarte, diretora executiva da MCF Consultoria.
O consumidor de luxo no Brasil gasta R$ 3.454,00 em média a cada compra, alguns fazendo até três vezes por mês. Segundo a professora em Comunicação com o Mercado da ESPM, Heloísa Omine, houve uma mudança nesse mercado. "O luxo verdadeiro é aquele que é feito sob medida, com peças que não têm repetição. O que aconteceu foi a aproximação das marcas de prestígios que passaram a também ser consumidas e desejadas por públicos que têm nisso uma maneira de se diferenciar", revela.
A maioria dos consumidores se concentra em São Paulo (61%), com Brasília sendo considerada a cidade mais promissora para o setor. Os novos compradores é que alavancam esse segmento (57%), empurrados por uma idéia de que estão entrando em um mercado onde a grife ou marca funcionam como uma senha de entrada para sua a condição social. Como não há uma definição definitiva sobre o mercado, esses produtos evocam uma decisão emocional, sensação de poder e status.
Dentre os diversos itens comercializados, a moda é o segmento mais representativo. A grande diferença entre o público atual é que ele está cada vez mais consciente e movido por um consumo menos descartável. O levantamento ainda mostra que a primeira marca nacional que vem à cabeça quando se fala em luxo é a Daslu (22%), seguida por H.Stern (14%), Forum, Victor Hugo, Osklen (todas com 4%) e Fasano (3%).
Dentro desse universo surge também o novo luxo, que não é tratado só com bens, mas apresenta a disponibilidade de tempo e recursos para se aventurar pelo mundo. "Fazer uma viagem ao Himalaia por seis meses, usando produtos de marca de prestígios de alta tecnologia ou passar um bom tempo fazendo um safári fotográfico são coisas diferentes que esse grupo busca para se destacar dos demais", para Heloísa Omine, todo tipo de aventura que não tenha restrição de tempo, custo ou disposição, se encaixa no novo padrão.
Após a crise, o comportamento do consumidor mudou. Ele está mais exigente com as marcas, cortando alguns supérfluos, adiando compras financiadas e trocando as marcas. A sustentabilidade entrou no jogo e a classe A também adota o consumo consciente, deixando a futilidade de lado. "Apesar do corte de custos, as tradicionais marcas de luxo continuam crescendo, e empresas como a Ermenegildo Zegna e Ferrogamo vão manter o investimento sem mudar a estratégia da marca", aponta a diretora executiva Cris.
Atualizado em 6 Set 2011.