"Às vezes, a natureza exagera" - esta frase é perfeita quando falamos de cores, mas, quando o assunto é arquitetura, devemos tomar cuidado ou, pelo menos, analisar bem cada situação. O exagero pode não ter os melhores resultados. Parece fácil, mas conseguir um conjunto harmonioso é uma tarefa que precisa de tempo e reflexão.
A observação é sempre uma grande aliada e, quando precisamos fazer escolhas, lembrar de lugares ou cidades que visitamos sempre pode ajudar. A cidade de Paraty, por exemplo, é linda, com suas casas coloridas emolduradas pelo céu e mar azul, e uma vegetação que só a mata atlântica oferece e traz inspiração. Não significa que esta ousadia da natureza, com interferência das construções, deve ser aplicada em qualquer projeto ou ambiente - afinal, esta cidade é praticamente única. Serve, sim, para avaliarmos cada detalhe do que queremos colorir, se realmente contrastes são desejáveis ou se apenas um detalhe merece ser destacado.
A aposta no branco, branco neve mesmo, traz luz e realça qualquer edificação ou decoração, valorizando volume e forma, detalhes de móveis e objetos, mas, quem o considera muito frio, pode usar um tom "off-white". É uma diferença pequena, porém, com um visual mais acolhedor por um lado e menos destacado quando comparado ao seu entorno.
Os grandes fabricantes de tintas lançaram, há alguns anos, cartelas completas com mais de 1.500 cores. Tive a curiosidade de verificar essa quantidade: colocaram nome em cada uma delas, que vai do rocambole, passando pela patinação no gelo, até perfume francês. Quanta criatividade! O que impressiona é que, por vezes, não encontramos a cor desejada: em diversas situações, procurei um vermelho mais fechado, ou um azul mais suave que não constava desta enorme lista de opções.
Mas existe um gosto universal - aquelas cores que, sem explicação, são as mais pedidas. Constantemente indicava a cor F 100 para projetos, tanto em áreas externas como internas. De repente, ela não existia mais na tal cartela e tornou-se cor de linha, ou seja, muitas pessoas a escolhiam. Ótimo: o preço caiu e acabou o inconveniente da demora no preparo.
A cada ano, as tendências para as cores na arquitetura, assim como para roupas, variam. É lógico que, de uma maneira mais sutil - não é tão simples pintar uma casa como trocar o guarda roupa -, para 2011 as cores estão mais suaves e menos vibrantes, o que torna um pouco mais fácil a escolha e, com certeza, o resultado dos ambientes torna-se mais acertado, mesmo quando não é feita por um profissional.
Vemos nos apartamentos decorados e revistas a predominância dos beges, marrons e tons amadeirados. São soluções mais simples, que agradam a todos, mas por que não ser um pouco mais ousado e sair do lugar comum? Pode ser bem interessante usar, tanto nas paredes como no teto de um hall, cores fortes como berinjela, verde escuro. Porém, é importante entender que não são todos os ambientes que podem receber estas tonalidades. Pelo menos em um mesmo imóvel - afinal, sua casa não deve se transformar numa cartela de cores, ou no exagero que a natureza nos presenteia com tanta facilidade.
Leia a coluna anterior de Sylvia Figueiró
Integração de espaços
Quem é a colunista: Uma pessoa de bem com a vida.
O que faz:Arquiteta, atua nas áreas residencial e comercial.
Pecado gastronômico:Chocolate, qualquer chocolate.
Melhor lugar do mundo:Uma praia.
O que está ouvindo no carro, mp3, iPod: Quase tudo, ouço música o dia todo.
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Atualizado em 21 Set 2011.