Em 2002, 20% dos investimentos diários na Bolsa de Valores de São Paulo, hoje BM&FBovespa, eram realizados pelos pequenos investidores. Sete anos depois, o valor aumentou para 30% de uma movimentação de quase US$ 3 bilhões por dia. Assim, o pequeno investidor brasileiro é hoje responsável por um valor entre US$ 700 e US$ 900 milhões ao dia, de acordo com o consultor da BM&FBovespa, José Alberto Netto Filho. O principal motivo deste considerável aumento percentual foi o desenvolvimento, naquele ano, dos programas de popularização da Bolsa.
Hoje, por exemplo, qualquer pessoa que deseja conhecer o universo dos mercados de ações mais a fundo pode visitar o Espaço BM&FBovespa, no Antigo Pregão da Bolsa. Lá, são promovidas palestras e vídeo-aulas gratuitas, que mostram desde a história da Bolsa de Valores até como funciona o mercado de ações. Este espaço, que pode ser o primeiro passo para quem quer aprender a investir melhor seus recursos, é visitado por cerca de 600 pessoas diariamente, e funciona de segunda a sábado.
José Alberto afirma que este tipo de atividade foi pensada depois de a Bolsa perceber que se eles desenvolvessem programas de fomento à cultura de poupança, o número de investidores cresceria. "Não é especificamente visar o pequeno investidor, mas é levar para o país uma cultura de Bolsa. Nosso país tem uma carência com relação a essa área, e a BM&FBovespa criou o programa de popularização para desmistificar a Bolsa para o cidadão comum."
Quem não puder se deslocar até o centro de São Paulo também tem outras opções. No site da instituição também há explicações para o público leigo entender como funciona este nicho. O cidadão comum pode acessar infográficos e palestras online, e até mesmo participar de simulados da Bolsa e do Tesouro Direto. Há opções também como o programa de palestras BM&FBovespa Vai Até Você, em que os consultores visitam feiras, eventos e instituições, ou mesmo o programa de televisão TV Educação Financeira, que vai ao ar nas manhãs de sábado na Rede Cultura, e também podem ser vistos pela internet.
Mais do que apenas tentar desmistificar a Bolsa, alguns destes projetos - como o TV Educação Financeira e o Educar, que dá cursos e palestras para diversos perfis de público - focam principalmente a saúde financeira individual. "Este problema de saúde financeira acaba sendo de ordem mundial. Existe uma parcela da sociedade que precisa se conscientizar mais a ter disciplina financeira, independente de seu grau de intelectualidade", diz José Alberto, que completa afirmando que "esta ação de mais disciplina beneficia o individual e o coletivo".
De acordo com os programas, a primeira coisa a se pensar ao receber o salário é em reservar uma parcela para investir, seja a curto prazo, como na poupança tradicional, seja a logo prazo, como no mercado de ações. "O que se deve fazer para sobrar dinheiro é gerenciar bem seu orçamento familiar, ter uma disciplina que é listar problemas, entender o tamanho do problema e agir", ensina o consultor. Ele ainda afirma que "a pessoa tem que respeitar o seu momento de vida, seus objetivos, para que possa buscar o crescimento patrimonial", já que cada perfil tem um tipo de investimento ideal.
Com os avanços econômicos no Brasil, como a redução da taxa de juros, José Alberto acredita que a renda variável é uma boa alternativa para o crescimento do patrimônio. Para alguns, falta apenas aprender como fazer isto. "As pessoas se sentem gratificadas por estarem sendo atendidas nesta questão da desmistificação da bolsa e acabam achando muito interessante este nosso programa, porque ele preenche uma lacuna que este indivíduo, por alguma razão, ou pela própria formação cultural do país e a formação das grades escolares, não teve oportunidade de preencher."
Atualizado em 6 Set 2011.