Guia da Semana

Há muito tempo, o sonho da casa própria deixou de ser um objetivo exclusivo de quem quer casar e entrou na cabeça dos brasileiros que querem se livrar do aluguel ou mesmo conquistar a tão sonhada liberdade longe da casa dos pais. Mas, a decisão de assumir um compromisso de financiamento de curto prazo vai precisar de muita organização, planejamento e, claro, uma boa poupança. Em algumas situações, o famigerado aluguel é a opção até mais indicada. Não deixe que o sonho da casa própria se transforme em pesadelo e veja como tomar a melhor decisão nessas horas.

Boom imobiliário

Com a economia em alta, dinheiro no bolso e taxa de juros menores do que alguns anos atrás, os financiamentos se tornaram mais atrativos para a população. A procura nesse setor tem crescido bastante, ocasionando falta de imóvel no mercado e aumento de preço. Segundo levantamento do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), o preço de casas e apartamentos usados na capital paulista subiu até 269% em 2010. Os imóveis novos pegam carona nesse boom e acompanha a valorização, que começa já nos terrenos destinado a construção.

Isto afeta todas as classes sociais. Uma pesquisa realizada pelo instituto Data Popular revelou que a intenção de adquirir um imóvel próprio praticamente triplicou no país. No último trimestre de 2008, 2,6 milhões de pessoas das classes C, D e E pretendiam adquirir a casa própria em um período inferior a 1 ano. Em 2010, esse número passou para 7,5 milhões e, a estimativa levantada pela pesquisa é que este ano, cerca de 9 milhões de consumidores pretendem comprar a casa própria.

Planejamento

Antes de pensar na compra do imóvel, os especialistas recomendam que se faça uma avaliação da situação financeira. É a partir daí que a pessoa vai pesar as vantagens e desvantagens de compra e locação, saber quanto da renda vai ser reservada para o compromisso, bem como o tempo em que a reserva poderá ser usada.

Com o planejamento feito e de olho nos custos mensais de alimentação, vestuário e transporte, a recomendação é guardar por um determinado tempo 10% da renda e depois pensar em como usar o valor investido. Para os mais conservadores, esse dinheiro pode ser investido em títulos do governo e CDBs. Os que gostam de arriscar mais podem optar por ações de empresas. Para sua segurança, divida o investimento em renda fixa e variável. "Com um bom planejamento, a pessoa vai conseguir realizar muito mais. Sem ele, ela não vai conseguir suportar o peso da dívida, independente da renda, ou taxa de juros", destaca a educadora financeira Silvia Alambert.

Comprando a casa própria

Quando for pensar no financiamento, o mais seguro é que 25% da sua renda seja destinada para esse compromisso. É bom enfatizar de que, quando mais idade tiver, maior será a porcentagem investida para isso. "As pessoas na hora de comprar o imóvel são levadas pela emoção e acabam pensando de uma maneira generalizada, porque o valor envolvido é alto e o financiamento acaba sendo a única saída para realizar o sonho da casa própria", aponta Silvia Alambert.

Segundo ela, o principal erro nesta hora é não levar em consideração outros aspectos financeiros que vem junto com o pacote da aquisição do imóvel. No caso de imóvel novo, por exemplo, o comprador tem que considerar as despesas com escritura, instalação, mobiliário e peças de decoração. Já quando o assunto é imóvel usado, os riscos de manutenção têm que ser pensados e costumam a aparecer em pouco tempo.

Financiamento

De acordo com o Creci, usando dinheiro das poupanças e do fundo de garantia, os bancos emprestaram no ano passado R$ 83 bilhões para compra de imóveis. É 67% mais do que em 2009. Nove vezes mais do que foi emprestado em 2005. Grande motivador para a compra da casa própria, o financiamento requer cuidados especiais.

Caso possua dinheiro para compra do imóvel à vista, mas opte pelo aluguel enquanto não encontrou o espaço ideal, é importante aplicá-lo sem muitos riscos. A dica acompanha também aqueles que não possuem um valor razoável para a parcela de entrada. Não financie um imóvel em 20 anos se você pretende ocupá-lo por apenas dez. Nesses casos, se sua família crescer e precisar ir para outra moradia, você perderá dinheiro e ainda arcará com os juros embutidos de todo financiamento. Os especialistas indicam trabalhar em até 120 meses com essa forma de pagamento.

Antes de pegar um empréstimo bancário, calcule se os juros irão prejudicar seu orçamento. Há taxas de financiamento vão de 4,5% a 12% ao ano, e dependem do banco, da idade, da renda e do imóvel. Para quem tem um bom FGTS (Fundo de Garantia), o financiamento pode compensar. Após analisar o seu perfil, o banco pode oferecer dinheiro suficiente para uma parte do imóvel. O fundo ajuda na entrada e diminui o valor financiado.

Aluguel

Apesar de visualizar que ainda há espaço para crescimento, os especialistas afirmam que o momento é delicado para investir na compra, pois os imóveis estão supervalorizados. "É um momento de se pensar e aguardar para ver os rumos que a economia vai tomar, principalmente na área da construção civil. Dessa forma você vai fazer uma compra mais inteligente e saudável, financeiramente falando", finaliza a educadora Silvia Alambert.

Nesse caso, o aluguel pode tornar-se um grande aliado na compra do imóvel. Ele desonera o locatário de um monte de custos que diz respeito ao proprietário, como despesas de manutenção interna ou qualquer gasto que envolva benfeitorias para o imóvel. Caso o inquilino arque com estas despesas, o proprietário pode abater o valor gasto no próprio aluguel.

Além disso, essa forma de moradia beneficia as pessoas que adquirem o imóvel ainda na planta e têm que esperar o tempo de construção e a burocracia na entrega. Caso opte pelo aluguel, é importante não exagerar no padrão de vida e procurar aqueles que sejam menor em termos percentuais do que a parcela do financiamento ou da rentabilidade mensal de uma aplicação.

Atualizado em 10 Abr 2012.