Do alto de seus mais de um 1,80 m de altura, Jaqueline Maldonado é pura exuberância. Exuberância ao vestir, ao portar, ao sentir. E a personagem de Cláudia Raia na novela das sete da Globo é a própria alma de Ti-Ti-Ti. Perua, tresloucada, divertida, sensível, radiante, complexa, debochada, nonsense, espirituosa, sagaz, exagerada. São tantos os adjetivos para classificá-la que fica difícil traçar um perfil desta mulher.
E, por isso mesmo, Jaqueline é o maior acerto de Ti-Ti-Ti. Ela já foi hippie, teve uma banda de rock, já foi presa por andar nua em público, já levou Jacques Leclair (Alexandre Borges) para jogar paintball, já dançou o Ilariê da Xuxa - sua música preferida -, já acertou Jacques com uma flechada, já foi a Irmã Desgosto da Ordem das Pecadoras Redimidas. Com dois meses ainda para acabar a novela, nos perguntamos o que mais aprontará Jaqueline Maldonado!
Seu bom gosto para moda reflete-se em suas roupas e acessórios, que usa com a fartura que o porte de sua intérprete exige. Sua inteligência e espirituosidade estão em suas tiradas cômicas e momentos de reflexão. Sua sensibilidade está em sua solidão e no amor desmedido por Jacques Leclair, o costureiro canastrão que não deu conta de tamanha mulher.
Jacqueline é assim: ame-a ou deixe-a. E o público resolveu amá-la. Afinal, o carisma da personagem está embasado no texto inspirado de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, e no talento de Claudia Raia, que acabou compondo uma de suas melhores personagens na TV.
A Jaqueline da novela original (de 1985) foi vivida por Sandra Bréa e era completamente diferente da de Claudia Raia, mesmo porque estava num outro contexto da história. Sandra deu um ar quase aristocrático à sua Jaqueline. Não menos apaixonada e exuberante que a atual, mas uma mulher fina, charmosa, elegante, comedida e discreta, que vivia à sombra de Jacques Leclair - interpretado por Reginaldo Faria na ocasião e também muito diferente do Jacques de Alexandre Borges.
Seja no amor irracional por Leclair, nas brigas com o ex-marido Breno (Tato Gabus) ou nas tentativas de recuperar a filha problemática (a Thaísa de Fernanda Souza), Jaqueline é uma atração à parte em meio às tesouradas que os costureiros protagonistas trocam. Afinal, convenhamos, se não fosse a personagem, Ti-Ti-Ti perderia muito de seu brilho.
E, entre uma tirada e outra da filósofa Jaqueline Maldonado, deixo esta frase proferida no auge do romance entre ela e Jacques, e que define sua alma despudorada e sincera: "E se um dia, você não me amar mais, minta! Minta e diga que me ama. Nem que seja por pena, não me importo. Eu não quero a verdade. Só quero ser feliz!"
Leia as colunas anteriores de Nilson Xavier:
A novela que foi sem ter sido
O retorno de O clone. Maktub!
As referências de Ti-Ti-Ti
Quem é o colunista: Nilson Xavier.
O que faz: Autor do "Almanaque da Telenovela Brasileira" e criador do site Teledramaturgia.
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Atualizado em 10 Abr 2012.