Guia da Semana

Foto: Bazilio Calazans

Vale Tudo é um dos maiores sucessos do Canal Viva

Nos anos 90, quando as tevês a cabo começaram a se popularizar no Brasil, apareceu uma programação importada destinada aos saudosistas. O canal Fox, por exemplo, reprisou seus seriados da década de 60 que fizeram a festa de quem hoje tem pelo menos 40 anos. O canal Boomerang era destinado à reapresentação de desenhos animados clássicos, principalmente os da Hanna-Barbera.

Não demorou a surgir o seguinte questionamento: com todo o seu acervo de inesquecíveis produções dos anos 70 e 80, quando a Rede Globo iria criar um canal destinado exclusivamente ao seu público saudosista? Como existem canais apenas de filmes ou de desenhos, o anseio era por um destinado a reprises de novelas antigas - as "clássicas", como comumente se fala.

Demorou, mas hoje se pode afirmar que esse sonho, se não foi concretizado em sua totalidade, pelo menos tem satisfeito muitos nostálgicos. O Canal Viva, pertencente à Globo, que em maio completou um ano de existência, veio atender a esse público que adora se divertir com o passado, em toda extensão que isso possa representar.

Uma de suas primeiras estreias, a reprise da novela Vale Tudo, de 1988, em pouco tempo virou mania em redes sociais como o Twitter, causando um frisson generalizado. Independentemente do horário ingrato em que a trama é apresentada (de segunda a sexta-feira à 0h45), o programa tem fãs fixos que se divertem com roupas, acessórios, elementos de cena, gírias e merchans da época da novela.

Em pouco tempo, Vale Tudo tornou-se líder de audiência em seu horário na TV a cabo. A novela - um verdadeiro clássico de nossa teledramaturgia - tem fãs de todas as idades: não apenas os saudosistas, mas também aqueles que a conheciam apenas de ouvir falar. O tema ainda é atual, os personagens são pra lá de carismáticos e comprova a tese de que o tempo passa, as tecnologias mudam e a sociedade pode até avançar, mas um clássico é para ser revisto, sempre.

Aos domingos à tarde, enquanto a TV aberta apresenta uma programação desgastada e desinteressante, os nostálgicos se divertem com a reapresentação do Cassino do Chacrinha. De uma época em que a televisão era menos careta, o Velho Guerreiro mostra porque vinha para confundir, e não para explicar.

Anárquico, nonsense, debochado e popular, nada no programa passa despercebido aos olhos do telespectador. A figura do Velho Guerreiro, as chacretes, as atrações musicais, o comportamento dos jurados, a plateia, os "prêmios" que Chacrinha joga para o auditório (bacalhau, mandioca, feijão, farinha), tudo faz o público de casa vibrar. Não é para menos que Chacrinha ou suas atrações sempre acabam ficando entre os assuntos mais comentados do Twitter.

E os anos 80 realmente estão de volta no canal, com a reprise de uma das mais belas minisséries da Globo, Anos Dourados, da série Armação Ilimitada, cujo humor revolucionário para a época seria o embrião para o TV Pirata, também em reprise na grade do Viva. Ainda outro humorístico dos 80, o Viva o Gordo, e o musical Chico e Caetano.

Nada mais coerente para o público do Viva do que ter uma programação oitentista como parte das comemorações do aniversário do canal, o que valida a máxima "quem ganha o presente é você!". E que venha Os Trapalhões, Globo de Ouro, Roque Santeiro, Tieta, Que Rei Sou Eu?, O Tempo e o Vento, Rabo de Saia, Balança Mas Não Cai, TV Mulher, Sítio do Picapau Amarelo, Balão Mágico, Pirlimpimpim, Plunct-Plact-Zum, Festival dos Festivais, etc...


Leia as colunas anteriores de Nilson Xavier:

Novelas e sua audiência

Morde e Assopra: mais do mesmo

Araguaia, uma novela correta

Quem é o colunista: Nilson Xavier.

O que faz: Autor do "Almanaque da Telenovela Brasileira" e criador do site Teledramaturgia.

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Atualizado em 10 Abr 2012.