Guia da Semana

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A elaboração de um planejamento financeiro pessoal é uma importante etapa para quem busca uma vida financeira saudável. Com um planejamento bem estruturado, é possível se programar financeiramente para atingir os mais diversos objetivos, como a troca do carro, a aquisição de um imóvel, as férias dos sonhos ou até mesmo desfrutar de uma significativa renda na aposentadoria.

Contudo, tão importante quanto elaborar de forma eficaz o planejamento financeiro pessoal, é colocá-lo em prática. No papel, o efeito dos juros compostos salta aos olhos de qualquer um. Veja só: economizando R$ 1 mil por mês durante vinte anos e aplicando este valor na caderneta de poupança (aplicação de baixíssimo risco), o investidor alcançaria cerca de R$ 460 mil; se poupar por mais dez anos, chegaria ao sonhado primeiro milhão de reais.

Porém, na prática não é sempre assim que as coisas funcionam. Neste sentido, a impressão que se tem é de que esta dinâmica não é tão simples: parece ocorrer algo com algumas pessoas que faz com que elas não sigam o plano à risca ou simplesmente o deixem de lado. Por que será que aqueles números que saltaram aos olhos na fase de elaboração do planejamento financeiro não são de motivadores para algumas pessoas no momento de implantar o plano?

Existem vários motivos que podem ser destacados. O mais comum é estabelecer metas muito agressivas, mirando apenas atingir determinada quantia de recursos (geralmente múltiplos de milhões de reais) e, para isso, topam inicialmente com grandes privações. Da mesma forma, alguns acabam se desanimando com o prazo contemplado no planejamento para que algumas metas sejam atingidas: manter privações por dezenas de anos não é tarefa fácil, tampouco recomendada.

Além disso, alguns acabam relevando o fato de que a implantação do planejamento financeiro envolve uma série de decisões a serem tomadas. E decidir implica, inevitavelmente, um ganho e uma perda. Quando se trata de decisões financeiras, os desdobramentos das decisões se prolongam ao longo do tempo.

Por exemplo: o que é melhor, comprar à vista ou a prazo? Pagar à vista geralmente é mais vantajoso do ponto de vista financeiro, via de regra. Contudo, é necessário aguardar acumular determinada quantia para efetuar uma compra à vista. Até aí, nenhuma novidade.
O problema, contudo, é como resistir ficar sem algumas coisas durante este tempo: a mídia em geral continuará anunciando aquele celular novo e no jornal semanalmente ainda haverá promoções para as próximas férias. E o melhor: provavelmente será possível pagar por tudo isso no cartão de crédito em várias parcelas! Como fazer?


Sem dúvida, não se trata de uma pergunta com resposta trivial. Por isto, é muito importante que as metas traçadas no planejamento financeiro estejam de acordo com os desejos de cada um. Em outras palavras, dizer simplesmente que se pretende atingir R$ 1 milhão em trinta anos é uma "desculpa fraca" para não aproveitar para comprar o novo modelo de celular. Contudo, ter R$ 1 milhão para comprar a casa dos sonhos, por exemplo, pode auxiliar nesta árdua função de resistir: qualquer centavo mal gasto tornará o objetivo mais distante.

Neste sentido, para uma boa implantação do planejamento financeiro pessoal, sugere-se estipular metas factíveis e baseadas em desejos, não em números, e ter paciência e disciplina, na medida do possível, para manter os gastos sob controle e as aplicações periódicas. Além disso, é importante procurar sempre aprender com as decisões: às vezes, não será possível resistir àquela tentação de compra. Ao invés de se penalizar, por que não procurar entender os motivos que podem ter precipitado esta compra e aprender com isto?

Lembre-se também de que comprar não é errado: muito pelo contrário. Porém, não é possível ter tudo: se, no caso do exemplo, o consumidor optar pelo celular, terá que abrir mão de alguma coisa para conseguir atingir o objetivo da tão sonhada casa.

Assim, para o sucesso da implantação do planejamento financeiro pessoal, sugere-se ficar atento a estes fatores. Caso contrário, será como aquela dieta que nos propomos a começar na próxima segunda: basta passar um pedaço daquele bolo de chocolate que não resistimos e abortamos o plano, no máximo até terça.

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Quem é o colunista: Caio Fragata Torralvo.
O que faz: Consultor Financeiro Pessoal (CFP), professor de finanças da FIA e autor do livro Aprenda a Administrar o próprio dinheiro (Editora Saraiva).

Melhor lugar do mundo: minha casa.

Pecado gastronômico: churrasco.

Fale com ele: [email protected]




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Atualizado em 26 Set 2011.