Foto: TV Globo/João Miguel Junior |
A novela Araguaia estreou trazendo à tela da Globo belas paisagens. Tão belas, que a emissora optou por fazer da trama de Walther Negrão sua primeira novela das seis produzida e exibida em alta definição. Nada mais justo. Os banhos de rios, os animais e o pôr do sol ganham ainda mais brilho em HD.
Porém, até aqui, este é o único atrativo de Araguaia. A novela bebe da fórmula de Pantanal, clássica trama de Benedito Ruy Barbosa exibida na extinta Manchete, mas repete apenas parte desta fórmula. Além de belas paisagens da região sul-mato-grossense, Pantanal carregava uma história envolvente e personagens carismáticos. Personagens tão bons que conseguiram segurar a novela até mesmo na fase "barriga", aquela em que nada relevante acontece, e que sempre aparece nas novelas de Benedito Ruy Barbosa.
Assim como Pantanal, Araguaia desmistifica uma região pouco ou nada vista na televisão brasileira, mas não traz uma trama envolvente o suficiente que a permeie. Junto com toda a beleza da região, a trama aposta no misticismo, contando a história de uma família, cujos homens estão marcados para morrer graças a uma maldição indígena. O herói Solano (Murilo Rosa) é o último deste clã e decide enfrentar seu destino maldito. Enquanto isso, divide-se num complicado triângulo amoroso entre Manuela (Milena Toscano), filha de seu inimigo Max (Lima Duarte), e Estela (Cléo Pires), viúva de seu pai. Nada que empolgue até aqui.
De atrativo, além das paisagens, está o trabalho de veteranos como Lima Duarte, que se lambuza em cena como o vilão Max, e Laura Cardoso, impecável como a rabugenta Mariquita. Na primeira semana, Lima Duarte repetiu a dobradinha vitoriosa de Roque Santeiro e dividiu a mais bela cena do folhetim com Regina Duarte. A eterna "namoradinha do Brasil" apareceu com maquiagem carregada para convencer como mãe de Edson Celulari. Não convenceu, mas emocionou nas poucas cenas em que atuou.
Aliás, chama a atenção esta escalação de elenco. Não só Regina Duarte não convence como mãe de Edson Celulari, como Edson Celulari não convence como pai de Murilo Rosa. Tudo bem que os dois personagens já passaram desta para uma melhor, mas são decisões pouco compreensíveis. Deve haver atores com idade compatível aos personagens em questão - e com vontade de trabalhar -, que poderiam perfeitamente representá-los, não? Vai entender...
Figurinha carimbada do horário das seis, o autor Walther Negrão parece estar se especializando em novelas água-com-açúcar e com poucos elementos que poderiam torná-las inesquecíveis. Desejo Proibido, Como uma Onda, Vila Madalena (esta foi exibida às sete, mas tinha jeitão de novela das seis...) e Era Uma Vez... são alguns dos últimos trabalhos de um dos novelistas que mais assinou folhetins na televisão brasileira. Araguaia tem todo o jeitão de que vai engrossar esta lista.
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Atualizado em 6 Set 2011.