Guia da Semana

Foto: Divulgação

A equipe de CSI - Investigação criminal em ação

Um fio de cabelo e tudo pode mudar. Esse é o dilema vivido nas séries onde a perícia é o centro da ação. Em todo episódio do gênero policial, há pelo menos uma cena onde as peças do crime devem ser montadas. No entanto, CSI e Bones despertaram no público um prazer especial em entender (ou tentar) tudo nos mínimos detalhes, peça por peça. A exibição da sexta temporada do badalado seriado em horário nobre pela Rede Record comprova o espaço que tais produções ganharam na grade televisiva.

Estreada em 2000 pelo canal norte-americano CBS, a série CSI - Criminal Scene Investigation rapidamente se popularizou nos EUA. O cientista Gil Grissom (William Petersen) e sua equipe se deparam com complicados crimes ocorridos em Las Vegas nos quais a ciência forense tem papel determinante para solucionar os casos. Questões como objetividade e instinto, o universo dos cassinos e dos jogos de azar, trabalho em equipe e ações individuais, e as relações de poder dentro do departamento de polícia entram no roteiro para avivar ainda mais as histórias. Atualmente, CSI encontra-se na sua 11ª temporada e quem comanda a equipe é o doutor Raymond Langston, vivido pelo ator Laurence Fishburne.

O sucesso foi tão grande que os produtores investiram em outras duas produções seguindo a mesma receita. No entanto, CSI Miami e CSI Nova Iorque, respectivamente lançadas em 2002 e 2004, dão mais realce a outros aspectos. A primeira trabalha com roteiros mais carregados de ação, com crimes resolvidos pelo durão Horatio Caine (David Caruso). Já a segunda aposta ainda mais na questão forense, com maior rigor e detalhamento nos casos analisados pelo detetive Mac Taylor (Gary Sinise).

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Em Bones, comédia e ação equilibram delicadas questões periciais

Em estrutura semelhante, Bones está na sexta temporada nos EUA. A história se desenvolve ao redor da pesquisadora Temperance Brennan (Emily Deschanel), que trabalha num instituto de pesquisa em Washington. Após escrever um livro sobre antropologia criminal, o FBI resolve contratá-la para chefiar a equipe de identificação de ossos e material humano.

Além dos crimes, quase sempre sangrentos, Bones chama atenção pela delicada relação entre a doutora Brennan e Seeley Booth (David Boreanaz), agente especial que conduz os casos da unidade. Amor, ódio e boas tiradas estão sempre nas discussões do casal, dando um ar de comédia ao seriado e lembrando um antigo sucesso das telinhas: o seriado A Gata e o Rato (Moonlighting, em inglês), de 1985.

Foto: Nathalia Clark/APH

Análises árduas e num tempo mais demorado do que apresentado nas séries televisivas faz parte da vida de peritos criminais

Na vida Real

Quem vê tanta rapidez e perspicácia na solução dos casos pode até imaginar que na vida real as coisas acontecem do mesmo jeito. Mas não é.

Perito criminal há 34 anos e atual superintendente da Polícia Científica do Estado do São Paulo, Celso Perioli afirma que a visibilidade dos seriados aumentou o conhecimento da população sobre o trabalho da perícia policial. Ao mesmo tempo, as comparações tornaram-se inevitáveis. "Quando chegamos numa cena, as pessoas perguntam: 'cadê a maleta?', numa cobrança de verossimilhança entre o que é apresentado nas séries e o trabalho cotidiano", comenta o superintendente.

O Estado paulista possui a maior estrutura de polícia forense da América Latina, com 3.600 profissionais em 160 unidades, entre capital e interior. No Brasil, as seções da Polícia Científica comumente são ligadas à Secretária de Segurança Pública e respondem por dois órgãos, o Instituto Médico Legal (IML), responsável por liberações de corpos e autópsias, e o Instituto de Criminalística (IC), envolvido diretamente na coleta de provas e dados para compor os autos dos inquéritos.

"No CSI, processa-se o local do crime, recolhe-se e avalia-se todas as provas e ainda pegam o criminoso em 45 minutos. As coisas ocorrem fora do tempo técnico necessário para o andamento de um auto pericial", explica Perioli.

Mesmo com tanta distorção, o superintendente avalia como positiva a popularização do assunto. "Cerca de 60% do que é mostrado nas séries é ficção, mas algumas teorias apresentadas são importantes e conferem com a realidade, deixando o olhar de todos mais aguçado".

Foto: Nathalia Clark/APH

Equipamentos modernos são utilizados pela Polícia Científica brasileira

Para ser perito é necessário ter curso superior e curso de formação na Academia de Polícia, com duração e 11 meses. A função de médico-legista exige obrigatoriamente a formação em medicina e curso complementar específico.

No dia a dia da carreira, peritos acompanham casos e buscam auxiliar no trabalho judicial dos inquéritos. Muitos dos modernos equipamentos exibidos nas séries são utilizados na resolução de crimes no Estado de São Paulo, como o software Fred (Forensis Evidence Recovering Device), responsável por fazer análises em computadores possivelmente adulterados, e o Batvox, um software de identificação vocal. Outro importante avanço técnico é o acesso de 17 estados da federação ao Codes (Combined DNA Index System), um banco de dados com perfis genéticos para localização de criminosos. Até o swab, um tipo de cotonete para coleta de tecido epitelial, é aqui utilizado.

"Contamos com importantes equipamentos no departamento e estamos quase igualados às demais polícias do mundo. Essa popularização do tema pericial criou um verdadeiro efeito cascata, influenciando a cabeça de peritos, juízes, advogados e até jurados, que se debruçam com mais afinco nas mais ínfimas análises de sangue quando num tribunal. Esse é o principal aspecto da profissão de um perito, aprender a trabalhar sem certeza absoluta e ter responsabilidade com as provas", destaca Perioli. Palavra de CSI.

Bones: terça-feira, às 23h15, Rede Bandeirantes
CSI - Investigação criminal: segunda a sexta-feira, às 21h, Rede Record
CSI Miami: terça-feira, às 00h15, Rede Record

Atualizado em 6 Set 2011.