Guia da Semana

Campeão dos pesos-médios do UFC, recordista de vitórias consecutivas - 14 no total - polêmico dentro e fora do octógonal, Anderson Silva faz sua primeira aparição no cinema com o documentário Anderson Silva: Como Água.

O filme chega às telas em 16 de março e revive os preparativos para a luta contra seu maior desafeto, Chael Sonnen, em um combate ocorrido em agosto de 2010, pelo UFC 117, e serve como aperitivo para a revanche que ocorrerá muito provavelmente em 23 de junho, no UFC São Paulo.

Com lançamento em 200 salas, o longa narra a trajetória de Anderson Silva em sua viagem aos Estados Unidos - onde realizou seu primeiro treinamento longe do Rio de Janeiro - e mostra o lado frágil do campeão, como a saudade da família, o desgaste com a série de treinamentos e entrevistas, e, principalmente, as inúmeras provocações feitas por parte do adversário Sonnen.

Dirigido por Pablo Croce, o enredo mostra a face de dois lutadores antagônicos. Enquanto Anderson precisa honrar o cinturão e ganhar a confiança do presidente do UFC, Dana White, - redimindo-se de sua atuação anterior, contra o brasileiro Demiam Maia, na qual ironizou o adversário -, Sonnen abusa de seu lado showman, apoiado em massa pelos norte-americanos, e dispara insultos ao brasileiro.

Confira os principais trechos da coletiva do bem humorado Anderson Silva:


Durante a preparação da luta, Anderson Silva ficou afastado da família por mais de três meses

Ídolo Bruce Lee
O nome do filme vem de uma frase dita pelo mestre em artes marciais e ator Bruce Lee - "Esvazie sua mente de modelos, seja amorfo como a água. Você coloca a água em um copo e ela se torna o copo, você coloca a água em uma garrafa, ela se torna a garrafa. A água pode fluir, pode colidir" (Bruce Lee). Anderson Silva afirma que o pensamento de Lee é a sua grande filosofia de vida. "Sou tão fã dele que às vezes até acho que sou sua encarnação (brinca). A filosofia dele de arte marcial é uma coisa que tento trazer para mim e vivo bem com isso. Vejo melhor o meu dia e a minha vida profissional como lutador".

As provocações do Sonnen
Sobre as provocações do falastrão e desafeto Chael Sonnen, o campeão dos pesos-médios revela que os americanos não a cultura de respeitar o adversário. "Treino arte marcial desde os meus 8 anos de idade e por isso não existe esse negócio de pressão psicológica comigo. As provocações acontecem, mas é claro que tem que ter um limite, para saber até onde você pode promover uma luta. Ele (Sonnen) foi muito infeliz nos comentários e, se eu tivesse falado no país dele como falou do nosso, talvez nem teria possibilidade de entrar no país de novo. Ele tinha que ser mais respeitoso", completa.

A Revanche
A primeira luta entre Anderson e Sonnen foi liderada pelo americano até o quarto assalto, quando o brasileiro encaixou um golpe e finalizou o adversário. Depois da disputa do UFC 117, Sonnen foi pego no antidoping e ganhou uma advertência de seis meses. Para a revanche, que acontecerá em junho, Anderson treina no Rio e quer que a luta aconteça em São Paulo, de preferência em um estádio de futebol. "Espero desta vez não me machucar", enfatiza. Lembrando que na luta contra o Sonnen, em agosto de 2010, Anderson entrou no octogonal com uma costela fraturada.


Anderson Silva precisava mostrar a Dana White ser merecedor do cinturão

Preparação para o octógono ou marketing pessoal?
Anderson afirma que prefere usar o tempo para se preparar, embora reconheça a necessidade da divulgação das lutas. "Tenho que estar preparado para as duas coisas, mas eu, particularmente, gosto de fazer o que sei fazer melhor, que é treinar para lutar. Ao longo do desenvolvimento do esporte você tem que aprender a conviver com isso também e divulgar seu trabalho de uma maneira correta. Não é uma coisa que eu goste de fazer muito, pois eles acabam divulgando muito próximo da preparação para luta. Quem assistiu o filme viu que é complicado fazer as duas coisas ao mesmo tempo".

Ver-se no cinema
"Fiquei muito feliz com o resultado, de me ver e o mais legal foi me ver no cinema e não ter o papel de vilão. Ficou bom porque consegui ser eu mesmo. Não quero ser melhor do que os outros, quero ser melhor do que eu sou todos os dias. Todos os que assistirem o filme vão ver aquilo que eu sou e isso pode servir para as pessoas se identificarem com algumas coisas", assume.

Usar rosa
Tanto na coletiva do UFC 117 - quando enfrentou Sonnen - quanto na de divulgação do filme, Anderson usou uma camisa rosa. Questionado sobre a cor, ele retruca. "Toda vez que eu saio de casa de rosa minha mulher fala que eu estou lindo. Para mim, o cara tem de ser muito bem convencido do que ele é para usar. Tipo assim, isso não quer dizer que você não possa me dar seu telefone depois!" (brinca com o jornalista).


Irônico, Anderson comenta sobre uma futura continuação. "De repente a gente faz um para resgatar o Sonnen de algum lugar do Brasil..."

Sequência do documentário
Sobre uma possível continuação do documentário, Anderson Silva brinca com o adversário. "É possível que tenha continuação, tudo vai depender de vocês para ajudarem a gente, se não, não terá. De repente a gente faz um para resgatar o Sonnen de algum lugar do Brasil..."

Pior adversário de um lutador
Para Anderson, o pior adversário está dentro dele mesmo. "Você tem que se superar o tempo todo, você tem que perder peso, tem que treinar muitas vezes com lesão. A gente costuma falar no nosso meio que é impossível que um atleta bem preparado não tenha uma lesão. Se ele não tiver uma pequena lesão que seja, ele não treinou direito. Então você tem que sempre estar se superando, o tempo todo", revela.

O que passa na sua cabeça nos segundos que antecedem uma grande luta?
"Eu procuro fazer uma reflexão de tudo que passou na minha vida. Nunca tento pensar no resultado final como uma coisa que eu tenho que fazer, tento me concentrar o máximo possível e pensar em todas as coisas que já me aconteceram como atleta. Simplesmente eu tenho que entrar no octógono para fazer a coisa que eu mais gosto de fazer e com alegria. O objetivo é sair de lá bem, sem me machucar", finaliza.

Por Leonardo Filomeno

Atualizado em 10 Abr 2012.