Guia da Semana

Os boatos começaram na semana passada, mas o anúncio oficial – com assinatura de contrato de patrocínio e todas as formalidades – foi feito nesta terça-feira, na Praça das Artes em São Paulo: o Belas Artes vai voltar. O cinema, que se tornou símbolo da luta pelos cinemas de rua (e espaços culturais em geral) da capital, deve voltar em maio com o nome de Cine Caixa Belas Artes.

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A reabertura partiu de um movimento popular e acabou envolvendo a Secretaria Municipal de Cultura e a Caixa Econômica Federal, que agora prometem trazer o espaço de volta ao público com uma vocação mais social. Quem assume o comando é, novamente, André Sturm, dono do cinema e diretor executivo do Museu da Imagem e do Som.

“Podem ficar tranquilos, o Noitão vai voltar”, declarou Sturm sob uma explosão de palmas e assovios. As sessões que viravam a madrugada, afinal, tornaram o cinema um reduto para os cinéfilos que buscavam sossego e uma programação diferenciada.

O foco em produções internacionais não-hollywoodianas agora dividirá espaço com o emergente cinema nacional. Segundo Juca Ferreira, secretário de cultura, o Belas Artes terá parceria com o SPCine (nova agência paulista de fomento ao cinema), reservando salas e preços promocionais para filmes brasileiros.

O secretário também prometeu parcerias com escolas públicas e valores mais acessíveis que seus vizinhos da Avenida Paulista: mais precisamente, ingressos 20% mais baratos e pipocas e refrigerantes 10% mais em conta. Já o diretor de Marketing da Caixa, Clauir Santos, sugeriu que esse valor ainda pode ser reduzido.

Às segundas-feiras, o benefício da meia-entrada será estendido a qualquer trabalhador com carteira assinada ou holerite em mãos e, segundo Ferreira, o projeto da reforma levará em conta a acessibilidade a deficientes físicos. A meia também valerá para clientes do banco, que ainda levará suas mostras de cinema para as novas salas.

O prefeito Fernando Haddad esteve presente no evento, frisando que a reabertura do cinema acompanha outras ações da prefeitura pela recuperação do patrimônio cultural paulistano: entre elas, a reforma dos teatros Paulo Eiró, Arthur Azevedo e Flávio Império e a volta da gestão compartilhada dos CEUs.

A parceria do Movimento Belas Artes com a prefeitura deve se estender para além do cinema: segundo Neto Gonçalves, do MBA, há planos para a transformação da região compreendida entre o Centro e a Avenida Paulista num “corredor cultural”, com incentivo à abertura de outros espaços culturais e potencialmente turísticos, impulsionados pelo Belas Artes e pelo recentemente reaberto Riviera Bar. Está prevista, também, a revitalização da esquina onde fica o cinema, incluindo a passarela subterrânea.

O Cine Belas Artes foi fundado em 1943 com o nome de Cine Ritz e fechado em 2011, por problemas de financiamento.

Por Juliana Varella

Atualizado em 29 Jan 2014.