Guia da Semana

Fazer um mochilão pela Europa é o sonho de muitos viajantes ao redor do mundo. Colocar uma mochila nas costas e sair perambulando sem destino pode te levar a conhecer pessoas diferentes e viver experiências incríveis. Dividir um quarto com estrangeiros que você nunca viu na vida é apenas um dos exemplos do que pode acontecer durante o seu trajeto.

Uma viagem como esta exige alguns cuidados que podem (e vão) te livrar de alguns apuros. Pensando nisso, o Guia da Semana contou com a ajuda da Bruna Caricati, dona do site Go To Gate. Ela já morou em 5 países diferentes e busca, por meio do site, ajudar e dialogar com qualquer um que queira cair na estrada. Confira as dicas que temos para você fazer o melhor mochilão possível!

Coisas que não podemos deixar de levar na mochila

O termo “mochilão” não existe por acaso. É aqui que você vai carregar tudo aquilo que for necessário para te ajudar durante a viagem. Passar frio, perder documentos e tomar chuva não vão tornar sua viagem mais agradável. Saiba como evitá-los.

1 - Kit Costura
Nem que seja uma amostra grátis, é importante carregar ao menos linhas, botões e agulhas. Se o seu hotel/hostel oferecer gratuitamente, guarde-os com você.

2 - Canivete
Materiais cortantes podem ser importantes em algum momento da viagem. O problema é que alguns tipos de canivetes são vetados em voos, como os da empresa Ryanair. Não tem conversa, a peça é apreendida e só te resta comprar outro no destino final.

3 – Capa de chuva
Quase não ocupa espaço na mochila e ainda pode te salvar de uma gripe ou coisa pior.

4 – Tênis confortável
Acredite, a coisa que um mochileiro mais faz durante a viagem é andar. A caminhada pode se tornar uma tortura se o seu tênis não for confortável, por isso, ele é indispensável. Pode acontecer de você emendar o dia e ir direto para alguma balada, por isso, não leve apenas aqueles exclusivos de caminhada.

5 – Casaco de couro
Além de te proteger do frio, um casaco de couro é fácil de combinar com outras roupas e te mantém elegante pra qualquer ocasião.

6 – Farmacinha
Um dos artigos mais fundamentais da lista. Comprar remédio por lá não é tão simples quanto na esquina da sua casa. A maioria das farmácias só vende com prescrições, independentemente do remédio.

7 – Caderninho
Nem tudo são problemas e com certeza não será a última vez que você vai querer fazer essa viagem. Leve um caderninho e anote o que gostou de fazer, metrôs que pegou, lembretes e tudo o que for te ajudar no futuro. É uma das melhores partes da viagem.

8 – Roupas “curinga”
Peças de roupa neutras e adequadas para qualquer situação são ótimas para emendar o dia na noite. Não é só porque você está em um mochilão que precisa ficar mal vestido e com uma aparência “suja”. Esteja sempre meio arrumado.

9 – Pasta de Documentos
Este é o item mais importante da nossa lista. Você não vai ter nem a chance de passar por algum apuro se perder seu passaporte ou visto no meio do caminho. Faça uma pastinha com todos os documentos que você precisa e os mantenha sempre ao seu alcance.

Burocracia

O jeitinho brasileiro não vai funcionar por aqui. A Polícia Imigratória sabe quem entra e sai dos países e não vai te deixar ficar além do tempo permitido sem alguma punição. Bruna fala sobre casos de pessoas que foram pegas além do tempo que o visto permitia.

“Já soube de histórias em que o viajante foi fichado e só poderia voltar ao país mediante ao pagamento de uma multa pesada”, conta ela.

A boa notícia é que vários países europeus não exigem pré - vistos de turista para brasileiros. É o caso do Reino Unido, Itália, França, Espanha e vários outros disponíveis aqui.

Melhores destinos de acordo com o seu perfil

Gourmets
A Espanha promete oferecer sabores exclusivos à sua cultura, tais como o Jamon, as tapas espanholas e as linguiças. Ideal para quem curte sabores fortes. Outro destino indispensável para os gourmets é a Itália. Quem está acostumado a gastar fortunas nas tratorias brasileiras vai poder provar das massas e molhos originais em porções grandes. Os mais refinados podem fazer uma visitinha a Paris e provar de pratos delicados e saborosos.

História
Os campos de concentração são uma parte um tanto quanto nebulosa da história mundial. Vale a pena ir até a Alemanha e visitar um desses espaços. “Ir num campo de concentração muda sua percepção dos acontecimentos, porque você está ali, vendo como os judeus trabalhavam, onde dormiam, onde comiam. É algo que todo mundo deveria ver para desmistificar a história”, diz Bruna.

A Itália também é um país que respira história. Por mais tradicional e clichê que seja, estar na presença do Coliseu é uma experiência que todos deveriam passar uma vez na vida. Pompéia, a cidade que foi devastada pela erupção de um vulcão, também é um local obrigatório. “Ver as pessoas petrificadas e toda uma cidade que foi coberta por lava, mas que está ali, é como se ainda vivessem”.

Aventureiros
Quem gosta de lugares ousados e culturas diferentes não pode deixar de visitar Marrocos. Aprender a respeitar os costumes diferentes é um treino para a vida toda. Andar a camelo e se sentir envolvido pelo deserto são algumas das melhores experiências por aqui. Bruna fala sobre a sua experiência no deserto. “A melhor experiência é, depois de um dia todo caminhando no deserto, você deita num tapete e observa as estrelas cadentes no céu mais limpo do mundo.”

Lugares baratos para desembarcar

Não é bom começar a viagem gastando muito. Se você já conhece algum lugar, é interessante começar por ele, já que não vai perder tempo e dinheiro. Mesmo assim, Madri e Lisboa estão entre as capitais mais baratas para ficar, mesmo adotando o Euro como moeda. Londres também acaba sendo uma opção, já que os preços de mercado e compras em geral não são tão altos.

A vida nos Hostels

O primeiro passo para não gastar muito durante um mochilão é romper com o preconceito em relação aos Hostels. Sei que isso se torna difícil depois de assistir ao filme onde jovens viajantes são torturados ao se hospedarem em um deles. Isso não passa de ficção. Hoje em dia os albergues têm a mesma estrutura de hotéis comuns, mas com preços acessíveis.

A melhor forma de conhecer pessoas novas e fazer amigos durante a sua viagem é se hospedando nesses Hostels, ainda mais pelo fato de que alguns deles oferecem café da manhã e jantar. Bruna conta como rompeu com esse preconceito e passou a adorar esses espaços. “Antes eu achava que hostel era só para jovens, mas depois de passar por alguns deles, eu comecei a ver senhoras até mesmo sozinhas. Achei isso incrível e tomei aquilo como meta de vida para mim.”

Meios de locomoção entre os países

A distância entre os países europeus são pequenas comparadas ao território brasileiro, por exemplo. Isso não significa que você vai conseguir andar da França até a Alemanha em algumas horas, por isso, é importante pesquisar bem as melhores formas de se locomover entre os países.

O transporte preferido dentre os viajantes são as empresas aéreas “low cost”. Elas oferecem passagens que custam em torno de 30 euros, tornando sua viagem rápida e econômica. O único problema dos aviões está no peso da bagagem, já que o limite não é tão alto. Hoje em dia as empresas estão mais tranquilas em relação a esse aspecto, mas não precisa abusar.

Bruna explica porque essa é a melhor forma de transitar entre os países. “Tem gente que gosta de viajar de trem. A viagem é gostosa, mas pode levar umas 10 horas, dependendo de onde for. E você, como mochileiro, não tem 10 horas a perder num transporte.”

Sites de empresas low cost: Ryanair, Skyscanner, WhichAirline e Europelowcost.

Tempo ideal para um mochilão

“Quantidade não significa nada. É melhor você pegar poucos lugares e realmente conhecê -los.” É dessa forma que Bruna questiona os obcecados por conhecer o maior número de lugares possíveis só para postar fotos dos pontos turísticos no Facebook. Ela calcula que o tempo ideal para ficar em uma cidade pequena é de 3 dias, enquanto cidades maiores exigem 5 dias.

É aí que está a diferença entre ver e viver a cidade. Claro que você não vai ficar em apenas uma cidade durante o período de um mês, por exemplo. Os pontos turísticos são importantes, mas representam apenas uma pequena parcela do que o lugar representa.

“Porque é justamente quando você não tem mais obrigações é que você se liberta e vai andar sem destino. É nessas horas que você descobre um café que não estava nos guias, aquele restaurante escondido numa viela, um brechó com coisas muito legais ou uma paisagem inusitada.”

Preço de um Mochilão

Já deu pra perceber que existem infinitas possibilidades de acomodações e destinos os quais vão impactar diretamente no preço final da sua viagem. Os valores médios para um período de 25 a 30 dias fica em torno dos R$ 10.000, pensando em uma política econômica e intermediária.

O melhor é fazer o seu roteiro e pesquisar os valores na internet. Hoje em dia é possível sair do Brasil com todas as suas passagens e ingressos para atrações compradas. Isso vai oferecer um melhor controle financeiro e de tempo.

Por Ezio Jemma

Atualizado em 2 Abr 2015.