A partir de 22 de outubro, o Itaú Cultural inaugura o Espaço Milú Villela – Brasiliana: Arte Moderna e Contemporânea, um novo andar dedicado a mostras de longa duração voltadas à produção artística brasileira dos séculos XX e XXI. Para marcar a abertura, o instituto apresenta a exposição “Brasil das Múltiplas Faces”, que reúne 185 obras de 150 artistas do Acervo Itaú Unibanco e propõe uma imersão na diversidade de vozes, estilos e narrativas que compõem a arte nacional.

Logo na chegada ao sétimo andar, o visitante é recebido pelo delicado óleo sobre madeira “Paisagem” (1952), de Alberto da Veiga Guignard, ponto de partida para uma jornada visual organizada como uma reserva técnica aberta ao público. A curadoria é de Agnaldo Farias, com concepção e realização da equipe do Itaú Cultural e arquitetura de Daniel Winnik.

O nome do espaço homenageia Milú Villela, que presidiu o IC entre 2001 e 2019 e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) de 1995 a 2019. Psicóloga, gestora cultural e filantropa, Milú dedicou sua trajetória à democratização do acesso à arte e à cultura.

Um retrato plural da arte brasileira

O título “Brasil das Múltiplas Faces” já antecipa o conceito central da mostra: uma narrativa não linear que desafia a visão eurocêntrica e cronológica da história da arte, valorizando a pluralidade de experiências e perspectivas. A exposição destaca tanto artistas consagrados quanto produções afrodiaspóricas, indígenas e populares, que ganham espaço como partes essenciais do patrimônio artístico nacional.

As obras estão organizadas em dez núcleos temáticos, dispostos em traineis, estrutura típica de reservas técnicas: Retratos, Dessemelhança!, Paisagem, Modernos, As Abstrações (geométrica e informal), Sonhos e Distorções, Nova Figuração, Década de 1970, A Geração 80 e Produção Recente.

No total, são 150 obras bidimensionais (pinturas, desenhos, gravuras e fotografias), 33 esculturas e objetos tridimensionais e dois vídeos — Mil Olhos (2018), de Lia Chaia, e Ordinário (2023), de Berna Reale. O conjunto cobre um arco temporal de 1889 até o presente, traçando um panorama amplo da produção artística brasileira.

Entre os destaques estão “Violeiro na Janela” (1899), de Almeida Júnior, “Itapema - Santos” (1889), de Benedito Calixto, e obras de nomes como Hélio Oiticica, Alfredo Volpi, Mira Schendel, José Pancetti, Lasar Segall, Paulo Nazareth, Rosana Paulino, Arjan Martins e o coletivo indígena MAHKU.

"Por ser a primeira voltada a essa fração do acervo, esta exposição mereceu um tratamento especial, um embrião de recortes futuros", escreve Agnaldo Farias no texto curatorial. "A proximidade entre as obras sugere novos arranjos e leituras possíveis".

Com uma abordagem que une passado e presente, “Brasil das Múltiplas Faces” convida o público a redescobrir a arte brasileira sob novas perspectivas, valorizando sua complexidade, diversidade e potência criativa.


Serviço

Brasil das Múltiplas Faces
Onde: Itaú Cultural – Espaço Milú Villela [Av. Paulista, 149 - Bela Vista]
Quando: a partir de 22 de outubro
Quanto: entrada gratuita

Por Ricardo Martins

Atualizado em 20 Out 2025.