Guia da Semana

“Esta é Gilda, minha viúva”, era assim que Vinícius apresentava Gilda de Queirós Mattoso, escreveu o jornalista Geraldo Mayrink. Gilda foi a última esposa das nove registradas oficialmente. Veja bem, não estamos contabilizando as pegações extra-conjugais - tarefa quase humanamente impossível.

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Vinícius curtia a vida. Boêmio confesso, era fã de uísque, cigarro e mulheres, muitas mulheres. “O uísque é o melhor amigo do homem, ele é o cachorro engarrafado”, dizia. Certa vez, chapadão num show em BH, proclamou: “A tradicional família mineira que vá a puta que pariu!”.

Verso e prosa

Talvez nunca tivesse aspirado ser um artista tão popular quanto foi. Mas sua arte se espalhou de forma tão versátil, na poesia, teatro e música que se tornou um ídolo e não mais poderia ser o poeta “cult” que um dia idealizou ser.

“Escreveu muito e quase sempre desprovido de qualquer senso critico a respeito de si mesmo”, afirmou o jornalista José Castelo na biografia “Vinícius de Moraes, o poeta da paixão – Uma Biografia”.

O hit

Quem nunca ouviu aquela velha história em que, Vinícius e Tom Jobim tomando umas no bar, avistaram uma menina de 15 anos caminhando pela orla da praia e no mesmo instante fizeram a famosa música “Garota de Ipanema”?

Acontece que, da conversa do bar, cada um foi pra casa e compôs parte da música inebriados pela imagem de Helô Pinheiro. Juntaram letra e melodia e, assim surgiu umas das canções mais conhecidas do mundo.

Outras parcerias

Toquinho participou da apresentação que resultou em um dos maiores discos da MPB, o “Vinícius de Moraes Grabado en Buenos Aires con Maria Creuza y Toquinho”. Inclusive, os dois compuseram juntos "Testamento", "Como Dizia o Poeta", e a clássica "Tarde em Itapoã".

Além de Toquinho - e das parcerias conjugais -, muitos artistas passaram pela vida de Vinicius, tais como Baden Powell, Carlos Lyra, Edu Lobo, Pixinguinha, Ary Barroso, João Gilberto, Chico Buarque e Francis Hime.

Vinícius e “outros” poetas

“Belo, forte e jovem”, era assim que o colega poeta Mário de Andrade descrevia Vinícius de Moraes. Entretanto, Vinícius, tinha outras qualidades – ou defeitos, dependendo do ponto de vista.

Invejado e subestimado por muitos no meio literário, somente Carlos Drummond de Andrade admirava Vinícius e o considerava como um verdadeiro poeta. “Eu queria ser Vinícius de Moraes. Foi o único de nós que teve vida de poeta”, confessou Drummond. Uns dizem que era pura relação diplomática.

“Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.”

O “poetinha”, apelido dado pelo jornalista e cronista Antônio Maria, costumava falar “Se não tiver mais nada para dizer, paro. O problema de escrever por escrever não existe para mim. Forçar a barra, jamais.”

Mergulhado em uma banheira, morreu em virtude de um edema pulmonar. Consigo, levou livros, escritos e seu cachorro engarrafado. Se previu ou não sua partida, a fez sozinho. Durou 66 anos. Não era imortal, posto que é humano, mas sua poesia é infinita.

Por Juliana Andrade

Atualizado em 8 Out 2013.