Guia da Semana

Quando as luzes do cinema foram acesas, além de estar com os olhos cheios de lágrimas, estava com aquela sensação de "que filme gostoso de assistir" ao final de Inquietos, a nova produção de Gus Van Sant. Parece que o diretor norte-americano está se tornando um especialista na temática jovem. Desde Drugstore Cowboy (1989) e Garotos de Programa (1991) até os mais recentes Elefant (2003) e Paranoid Park (2007), o cineasta leva os dramas da juventude às telonas.

Em Restless (título original), não é diferente. Dois jovens apaixonados, com problemas pessoais aproveitam ao máximo o tempo que podem ficar juntos, já que este tempo pode ser bem curto. No entanto, a história consegue atingir a todos os públicos, sem transformar o filme numa historinha adolescente da Sessão da Tarde.

Além de Gus, os responsáveis por dar o tom certo às cenas, trabalhando com os olhares e gestos que dizem mais do que longos diálogos, são Mia Wasikowska, a Alice de Tim Burton, e o estreante Henry Hopper, filho de Dennis Hopper.

Henry é Enoch, um garoto no mínimo diferente. Depois de perder os pais e sair da escola, ele começou a frequentar velórios de desconhecidos. Seu único amigo é Hiroshi, o fantasma de um kamikaze da 2ª Guerra Mundial, com quem joga batalha naval todas as noites. Foi num desses velórios que conheceu Annabel, uma garota doce, de sorriso fácil e apaixonada pela vida e pela natureza.

Eles logo se apaixonam e poderiam até viver felizes para sempre, se a morte não fosse o principal elo entre os dois. Annabel tem um tumor em fase terminal no cérebro. Quando descobre, o fofo Enoch decide tornar esses últimos meses mais agradáveis. Assim, transfusões de sangue em quartos de hospitais e visitas ao cemitério se transformam em programas tão românticos quanto uma ida ao cinema ou um piquenique no parque.

Apesar do tema triste, o trio Gus, Mia e Henry consegue deixar o longa leve e alto astral, surpreendendo e fazendo o público rir em vários momentos. É um filme para adolescentes, para casais e para idosos. Afinal, uma bela história de amor à vida não tem idade para ser apreciada.

Por Mariana Viola

Atualizado em 10 Abr 2012.