Guia da Semana

Foto: www.sxc.hu

Você acaba de levantar da mesa depois do almoço e resolve deitar um pouco enquanto faz a digestão. Alguns minutos depois, surge um gosto azedo na boca e uma sensação de ardência e queimação no estômago, a dor atinge o peito e parece que uma bola se instala em sua garganta. Estes sintomas podem indicar que você tem azia.

Conhecido também por refluxo gastroesofágico, o problema é causado pela volta do suco gástrico ao esôfago. No percurso entre a boca e o estômago, a comida ingerida passa por um anel muscular chamado esfíncter e provoca a sua abertura. Este músculo deveria fechar novamente após a passagem do bolo alimentar, impedindo os ácidos de realizar o caminho de volta, mas, muitas vezes, ele continua aberto, o que permite o refluxo ao esôfago e promove as dores típicas da azia.

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Alguns alimentos podem piorar esses sintomas e estimular ainda mais o retorno do suco digestivo. Comidas gordurosas como chocolate, frituras e queijos, ou muito ácidas como tomate, abacaxi e frutas cítricas são os maiores vilões para quem sofre com o problema. "Por terem uma digestão difícil, esses produtos aumentam a secreção ácida do estômago e relaxam o músculo do esôfago", explica o gastroenterologista Jose Henrique Lopes Gouvêa.

Além desses itens, quem não quer enfrentar a azia também deve banir das refeições alimentos muito condimentados (com excesso de pimenta, cebola e alho), bebidas gaseificadas (refrigerantes e água com gás), cafeína (inclusive os chás), balas de menta ou hortelã e todos os tipos de álcool (cerveja, vinho, vodca, entre outros).

O estilo de vida adotado pode contribuir para o problema. Maus hábitos como sedentarismo e tabagismo, por exemplo, são extremamente prejudiciais. Outra recomendação dos especialistas é o cuidado com a postura e com o uso de cintos e roupas apertadas. O gastroenterologista alerta que essas atitudes provocam um "aumento de pressão intra-abdominal que afeta a elasticidade do esfíncter".

Na hora em que a azia ataca, o que pode ser feito?
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Quando a sua avó falava que tomar leite ou água com bicarbonato de sódio traria um pouco de alívio, ela não estava totalmente errada. "Por serem substâncias alcalinas, elas neutralizam o suco gástrico liberado.", afirma o médico. Porém, não se iluda, o efeito é apenas passageiro. Ao coibir a acidez do estômago, esses produtos acabam por induzi-lo a gerar ainda mais ácido. Dentro de algumas horas, a agonia recomeça de maneira mais forte.

Nas farmácias são vendidos diversos antiácidos que podem funcionar como medida inicial, mas é importante lembrar que esses remédios resolvem só os sintomas, sem tratar a doença. A automedicação é perigosa e o acompanhamento de um médico é imprescindível. Só um especialista poderá dizer se o que o paciente sente é realmente azia ou se representa um problema mais sério, como o começo de um ataque cardíaco, por exemplo.

Se o problema atrapalha a realização das atividades cotidianas e acarreta outras complicações, como tosses e asma, e o uso de remédios não surtiu efeito, é hora de recorrer a uma cirurgia, para refazer a musculatura do esfíncter. Mas a necessidade de passar por uma operação não é muito comum, atingindo a minoria dos casos. O diagnóstico preciso será feito com uma endoscopia digestiva alta (ver quadro abaixo), que é simples, rápida e não necessita de anestesia geral.

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A comerciante Alice Branca Cruz diz ter sofrido com o problema por mais de dez anos. Quando finalmente decidiu ir ao médico, descobriu que tinha azia e iniciou o tratamento. "Foi um tratamento longo. Passei dois anos tomando remédios e tive que mudar várias coisas na minha rotina, além de adotar uma dieta mais saudável. Mas eu acho que valeu a pena. Pelo menos, aquelas dores horríveis passaram".

Cuidados simples com a alimentação e a saúde já correspondem a 90% do tratamento. É importante que a pessoa fique atenta ao que foi ingerido antes das crises, para conseguir identificar o que causa os sintomas. A idéia não é passar fome ou abolir completamente produtos considerados perigosos, mas é preciso ter bom senso. Comer quantidades menores daquilo que normalmente provoca a azia, fazer refeições leves durante a noite e, principalmente, não associar produtos contra-indicados em uma mesma refeição (como acompanhar a feijoada com uma cerveja), são medidas que podem evitar muita dor de cabeça. E de estômago também!


Endoscopia digestiva alta
O exame é um método usado para analisar internamente o aparelho digestivo. Depois de uma anestesia local, tubos flexíveis são introduzidos na cavidade oral para coletar material e verificar se há alguma alteração nos órgãos. O procedimento é indolor e não dura mais que dez minutos.
Em seguida, o paciente fica em repouso durante meia hora e poderá ir para a casa, acompanhado de um parente ou amigo.






Colaborou:
Jose Henrique Lopes Gouvêa
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Fone: (21) 3171-3171

Atualizado em 7 Ago 2012.