Foto: Carlos Della Rocca |
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Num primeiro momento, entrar em contato com um grande número de novas culturas e produtos - tudo numa mesma manhã - assusta. É muita informação junta. Então, o melhor é aproveitar o primeiro (de muitos) cafés espresso e começar, com calma, a viagem por sabores e histórias sobre gastronomia na Semana Mesa SP.
O maior evento gastronômico do país reuniu, somente no ano passado, cerca de 10 mil espectadores. Para esta edição, a expectativa é de mais de 14 mil. "Isso é uma prova de como a gastronomia tem despertado corações", diz Claudio Silva, gerente de desenvolvimento do Senac São Paulo, uma das empresas responsáveis pelo evento.
Corações e mentes. Em menos de quatro horas, um desfile de escolas gastronômicas faz a casa no palco do Mesa: Tendências, fórum de discussão e apresentação de grandes chefs nacionais e internacionais. Emanuel Bassoleil, chefe executivo do Skye, restaurante do Hotel Unique, estava lá. Falou dos seus trinta anos dedicados à cozinha e sobre o encontro dos sabores da Borgonha, sua terra natal, com o universo cosmopolita de São Paulo. Na sequência, Philippe Jousse, discípulo de Alain Chapel, apresentou receitas que aprendeu com o inventor da nouvelle cousine. O Aspixs com lagostins, uma geleia feita com consomê de frutos do mar, creme de erva doce, sorvete de tepenade decorados com os pequenos crustáceos, foi servido em copos de Martini.
Já a tradicional Barbacoa, churrasco mexicano de paleta de cordeiro, é feito em fogão de chão e coberto com grandes folhas de bananeiras, onde passa 12 horas assando. Foi Enrique Olvera, chef do Pujól, que mostrou com entusiasmo preparos e ingredientes de sua terra, como o chilli serrano e o itacoque, milho infestado por um tipo único de fungo tornando-o negro. Ele garante que é bom e todos nós confiamos.
Na plateia, um batalhão de estudantes, profissionais do setor e jovens chefs que não piscava e anotava cada detalhe do preparo, cada dica de substituição de ingrediente. O comportamento dessa trupe chamou a atenção deste recém-chegado colunista. Ao final de cada apresentação, boa parte corria para a escada do palco pedindo autógrafos em livros, cadernos de receitas e domas, como se estivessem diante de estrelas do rock ou de Hollywood.
O baiano João Pedro Oliveira, há um ano mora em São Paulo, era um deles. Formado em gastronomia em Salvador, sonha em ser um grande chef de cozinha. Para ele, conhecer figuras como Emanuel Bassoilel, Alex Atala e outros é uma fonte de inspiração, conhecimento e um incentivo. O mercado de hoje, marcado pela competitividade, exige profissionais antenados às tendências, que sabem o que está acontecendo. E participar desse tipo de evento é uma maneira de abrir contatos, bem lembra João Pedro.
Ele está coberto de razão. Diante de tantos mestres da gastronomia, todos nós, iniciantes nos sabores do mundo, ficamos bestificados e sonhamos em chegar perto deles, seja na habilidade com os pratos, seja pela sabedoria dos sabores. Tirar uma foto e pegar o autógrafo já é um bom começo.

O que faz: Repórter de Gastronomia e Viagens do Guia da Semana.
Pecado gastronômico: Pão! Seja na bruschetta, na rabanada ou no sanduíche de queijo com goiabada.
Melhor lugar do Brasil: Essa opinião depende do dia... mas com certeza, está na Via Dutra.
Fale com ele: [email protected].
Atualizado em 7 Ago 2012.