Guia da Semana

Assim como o primeiro milhão limpinho no bolso e o amor eterno porém livre, alimentação saudável e ao mesmo tempo saborosa está entre as principais buscas do homem contemporâneo. Em nome disso, no entanto, diversas más escolhas são feitas. Algumas vem de hábitos antigos e familiares. Outras, gerações espontâneas fruto de incompreensões e até histórias plantadas pela indústria dos alimentos. "Funciona como as lendas urbanas. Na infância, elas são povoadas pelo o homem do saco, a loura do banheiro. Quando adulto, passamos para outros temas, e um deles é a alimentação, que as pessoas vão repassando sem questionar", comenta a nutricionista Andréa Esquivel, da consultoria Gastronomia Nutritiva.



Porém, na gastronomia e na nutrição, nem sempre uma regra vale para todos os alimentos da mesma forma e o que parece ser mais acertado em alguns preparos é uma grande roubada nos demais. Veja alguns mitos da boa alimentação nem tão boa assim.

Legume cru traz mais benefícios à saúde:

Nem sempre. Alimentos do grupo dos carotenóides, ricos nos pigmentos amarelados, alaranjados e/ou avermelhados, oferecem maiores quantidades desses nutrientes quando têm reduzido seu teor de água, ou seja, quando cozidos. "A cenoura oferece 30% a mais de pró-vitamina A ao organismo cozida do que ralada crua" comenta Andréa. O mesmo acontece com o licopeno do tomate, substância ativa na prevenção ao câncer. O ideal diário são três colheres de sopa de molho de tomate. Elas representam três tomates crus inteiros e bem vermelhos, algo bem mais difícil de entrar na rotina alimentar. O consumo cru é ideal, de fato, para os vegetais verde-escuros, pois perdem muito das suas qualidades nutricionais e de sabor quando excessivamente cozidos.



Pode-se substituir manteiga por margarina light em qualquer receita:

O termo light indica redução de um ingrediente no produto. Consequentemente, há aumento de um outro, nem sempre o mais desejado. No caso da margarina light, a menor quantidade de gordura é compensada pelo acréscimo de água. O uso dessa (e qualquer margarina) no preparo de pão exigirá mais farinha de trigo para obter o mesmo resultado alcançado com uma massa feita com manteiga ou gordura. Já na massa podre, usada tortas e empadões, a consistência altera completamente, e, quando cozida, a massa ficará mais dura e sem alcançar o mesma textura e sabor.

Todo o preparo de sucos e saladas deve utilizar a casca para ser mais completo:
Em alguns alimentos, as cascas são erroneamente desprezadas, como na abóbora, excelente fonte de fibras. Outra casca renegada é a do abacaxi, com maior quantidade de bromelina, substância facilitadora da digestão, do que na fruta em si. Bem limpa e coada, rende um ótimo suco. Já a famosa limonada suíça, utilizando o limão inteiro, comumente faz mais mal do que bem. O ácido cítrico da casca só vai aumentar a irritação do estômago, atrapalhando ainda mais a digestão ao invés de auxiliar. Além disso, o seu consumo deve ser imediato, o que não acontece em restaurantes. A fibra solúvel pectina, encontrada na parte branca do limão, pode ser melhor aproveitada quando come-se a laranja cortada em gomos, por exemplo.


A carne grelhada é mais indicada em dieta:

O maior dos mitos. Seja qual for o tipo de carne, o preparo cozido é o mais indicado. "Quando feita com água e caldos, a proteína apresenta maior facilidade de digestão", comenta Andréa. Já na grelha, a parte externa, carbonizada e enrijecida, recebe benzenos e outros elementos carcinogênicos por conta da queima. Para evitar esse processo, a carne deve receber uma camada de óleo antes de ir à grelha ou à churrasqueira, o que vai aumentar a quantidade calórica. Além do cozimento, o consumo de carne crua (no quibe, no steak tatar, por exemplo), quando de boa procedência, não tem nenhuma contra-indicação para os vigilantes da balança.

Atualizado em 7 Ago 2012.