Foto: Gabriel Oliveira/ Guia da Semana |
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Costeleta de Vitelo da Don Boseggia |
Novas técnicas de preparação dos alimentos, atendimento impecável, luxo e requinte. Os restaurantes estão cada dia mais profissionais com seus clientes. Não que oferecer bom atendimento e pratos feitos sob os mais altos padrões de qualidade e técnica não sejam aspectos positivos. Muito pelo contrário. Profissionalismo é necessário em qualquer setor, mesmo na gastronomia, onde paixão e amor ainda são dois mais importantes ingredientes. Mas há momentos em que tomar uma refeição precisa ser algo relaxante, leve e sem preocupações com excessivas formalidades.
Em alguns pequenos restaurantes, a cozinha ainda é tratada daquela forma romântica, bela e quase informal. E dificilmente alguém poderia pensar em um lugar que não a vibrante Itália para apresentar aos brasileiros as simpáticas osterias.
Vale dizer que a informalidade que tempera estes lugares não significa, em momento algum, baixa qualidade. O que as difere em relação a outras casas é o clima familiar percebido desde a entrada até o contato com o chef. Não é em todo lugar em que se ainda tem a liberdade de dizer ao cozinheiro o que se quer comer, cara a cara, como um legítimo ´calabrez´ ou um ´sicciliano´.
Há pouco mais de um ano vivendo aqui, mas ainda com o sangue azurro correndo pelas veias, Marco Renzetti, proprietário da Osteria del Pettirosso, em São Paulo, explica que "estes estabelecimentos são conduzidos familiarmente". No seu restaurante, ele coordena o trabalho na cozinha, enquanto sua esposa, brasileira, recebe os clientes.
Assim, em uma autêntica osteria, o cliente pode ser recepcionado pelo figlio, servido pela mamma e apreciar o prato que o padre preparou.
Amor à italiana
O jeitão familiar também se faz presente no cardápio. Aliás, o cardápio muitas vezes não passa de mera formalidade, afinal nestas casas é possível chamar o chef à sua mesa e pedir uma boa massa explicando a ele, detalhadamente - o tempo ali precisa ser apenas um coadjuvante - que ela deverá chegar regada com o tradicional molho pesto.
Mais do que servir um prato, uma legítima osteria, daquelas que realmente merecem o título, precisa homenagear o país europeu em cada ingrediente utilizado. Marcelo Pugliesse, chef da Boseggia, também na cidade de São Paulo, até permite a utilização de novidades, mas afirma que "os pratos devem resgatar elementos da tradição gastronômica das regiões italianas".
Marco concorda: "É preciso servir o fetuccini que a mamma ensinou. Aqui, não recebo influências brasileiras no cardápio", revela. Não que ele tenha aversão à rica cozinha verde e amarela. Mas é que defende ferozmente a necessidade de manter a tradição em todos os sentidos. Diz que qualquer chef pode preparar um típico prato italiano seguindo a receita, mas garante que não será a mesma coisa. "Ele (chef) não ´viveu´ na Itália". Assim, não abre mão de oferecer aos seus clientes lasanhas, canestrini, gnochi ( foto abaixo) e "um bom raviolli feito com carinho", diz apaixonadamente.
Foto: Divulgação |
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Gnochi servido na Pettirosso |
Ser proporcional também é outro ponto fundamental. Marco reclama que muitas vezes vai a restaurantes onde se lê no menu 30 tipos de carnes e poucas outras opções. "Eu ofereço seis massas, oito carnes e dez pratos com frango", defende.
Não vá achando, porém, que italiano vive apenas de massa e vinho. A presença da carne e de frutos do mar também merece destaque. Nas osterias, pode se comer risoto de lagosta, costeleta de vitelo à milanesa servida com risoto ao açafrão, entre outras delícias vindas de diferentes regiões do país.
À vontade
A simplicidade e o clima amistoso estão presentes desde a entrada até a hora de pagar a conta nas osterias. "Aqui há calor humano", aponta Marco. Além disso, artigos de decoração, quadros, toalhas de mesa, tudo lembra a terra nostra.
Na Boseggia, enquanto saboreiam os pratos típicos, a clientela desbrava as regiões da Itália observando o mapa de lá, pendurado na parede orgulhosamente como se fosse um quadro de um artista plástico italiano. As mesas ( foto abaixo), não por acaso, são grandes e redondas para acomodar um grande grupo de amigos que irá debater sobre futebol ou política enquanto tomam vinho.
Foto: Gabriel Oliveira/ Guia da Semana |
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O público em geral é formado por pessoas "um pouco mais velhas, que já conheceram outras cozinhas pelo mundo. Para o proprietário da Pettirosso, "é difícil para um jovem compreender uma osteria".
Já na Boseggia, um mix de clientes A e B acomoda-se nos 70 lugares da casa. Lá, pode-se também discutir de negócios durante o almoço do expediente saboreando um menu executivo. Mas seja a trabalho ou com a família e amigos, deixe as preocupações do lado de fora, desabotoe a camisa e sinta-se em casa.
Serviço: Don Boseggia - Rua Diogo Jácome, 591 - Vila Nova Conceição Del Petirosso - Alameda Lorena, 2155 - Jardim Paulista |
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Atualizado em 7 Ago 2012.